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27 fevereiro 2015

- Avivamento espiritual por meio da dedicação à Palavra de Deus (Esdras 9.5-15)

A oração de Esdras

Esdras foi um grande doutor da lei ("escriba") "e sacerdote que conduziu os cativos que haviam voltado do cativeiro a Jerusalém para uma nova aliança com Deus. Descendente de Arão, através de Eleazar, Esdras havia recebido instrução na lei durante o cativeiro da Babilônia com outros  cidadãos da nação de Judá. Esdras ganhou favor durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, que o comissionou para retornar a Jerusalém por volta de 458 antes de Cristo (a.C) a fim de organizar o povo da nova comunidade. Artaxerxes até mesmo deu a Esdras uma carta real (Ed. 7.11-16), garantindo-lhe autoridade civil e religiosa, além de recursos financeiros, para mobiliar o templo, o qual havia sido reedificado pelos que haviam retornado do cativeiro.
Imagem meramente ilustrativa
extraída da internet

Ao chegar em Jerusalém, Esdras descobriu que muitos dos hebreus havia se casado com mulheres estrangeiras das nações vizinhas (Ed 9.1, 2). Depois de um período de jejum e oração (Ed 10.3, 15), ele insistiu que esses homens se divorciassem de suas esposas (Ed 10.1, 17). Temia que o casamento misto com pagãos conduzisse o povo à adoração de deuses pagãos na comunidade restaurada de Judá.

Neste estudo, além de vermos o porquê de tantas orações não alcançarem seus efeitos, veremos também a importância de se conhecer os propósitos de Deus e, qual deve ser nossa atitude ao intercedermos por alguém. Para isso, analisaremos a oração do Sacerdote Esdras, feita em um período de restauração do remanescente de Israel, onde buscava conduzir o povo a um avivamento espiritual, por meio da dedicação à Palavra de Deus e o consequente arrependimento da infidelidade".

Um dos motivos pelos quais muitas orações não têm alcançado o seu objetivo é justamente a falta de proximidade com a realidade em que vivemos. Em virtude disto, analisaremos o que Esdras nos ensina acerca deste assunto, no momento em que, absorvido pela necessidade do povo, relembrou o cativeiro:

I - O cativeiro

A história começa no Primeiro Livro das Crônicas que conta novamente os acontecimentos já registrados nos livros de Samuel e Reis, mas de um ponto de vista diferente. A história dos reis israelitas, como aparece nos livros das Crônicas, tem dois propósitos principais:
a - Mostrar que, embora tivessem caído desgraças sobre os reinos de Israel e de Judá, Deus mantinha as promessas que havia feito à nação e continuava a realizar o seu plano para o seu povo através das pessoas que moravam em Judá. Como base para esta afirmação, o escritor conta as conquistas de Davi e Salomão, as reformas de Josafá, Ezequias e Josias e fala do povo que continuou fiel a Deus; e

b - Descreve o início da adoração a Deus no Templo de Jerusalém e especialmente a organização do trabalho dos sacerdotes e dos levitas, que eram os encarregados do culto. Davi é apresentado como aquele que planejou o Templo e o culto embora tivesse sido Salomão quem veio a construir o Templo.

Anos depois, já no Segundo Livro das Crônicas, que é a continuação do primeiro, começa com a narração dos acontecimentos do reinado de Salomão em Israel e Judá. Depois da morte do rei Salomão, a nação se dividiu em dois reinos, o do Norte e o do Sul (Cap. 10 2Cr). Daí em diante, conta-se a história de Judá, o reino do Sul, até a queda de Jerusalém no ano 586 antes de Cristo, quando os judeus foram levados como prisioneiros para a Babilônia. O livro termina falando do decreto de Ciro, rei da Pérsia, que deixou que os judeus voltassem para Jerusalém e reconstruíssem o Templo. Analisemos a oração de Esdras:

1. "E disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus, porque as nossas iniquidade se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus" (v.6).

Quando Esdras trás à tona os motivos que levaram a nação ao cativeiro (v. 7; Dt 28.15; Ne 9.30), aproxima-se ainda mais das necessidades dos judeus e da realidade em que estavam vivendo. É fato que, quando nos aproximamos da situação em que o povo se encontra, maior é o efeito de nossas orações. Aqueles que só pensam em si próprios, não se importando com que os outros precisam, jamais efetuarão uma oração como esta. Se quisermos que nossas súplicas alcancem um efeito maior, devemos nos situar melhor dentro da realidade que vivemos.

2. "... fomos entregues, nós, os nossos reis e os nossos sacerdotes, nas mãos dos reis de outras terras, e sujeitos à espada, ao cativeiro, ao roubo e à ignomínia, como hoje se vê" (v. 7b).

Analisando esse versículo mencionado nas palavras de Esdras, vemos que, mais uma vez, ele se aproxima para a realidade do povo quanto ao seu sofrimento. É triste vermos aqueles que, por amarem o mundo (1Jo 2.15-17), afastam-se de Deus, esquecendo-se de seu passado. Porém, como não nos cabe julgá-los, e sim, orar por eles, devemos estar atentos, mais uma vez, para com o que este texto nos tem ensinado, pois quando nossas orações estão próximas da realidade do povo, maior será o seu poder de alcance.

II - Proclamou a Graça de Deus

No momento em que oramos, um dos pontos primordiais para estarmos dentro da vontade de Deus é conhecermos o seu propósito. Neste item, veremos como Esdras utilizou-se desta verdade, no momento em que proclamou a graça de Deus:

1. Reconhecendo Sua intervenção na vida física do povo: "Agora por breve momento se nos manifestou a graça da parte do Senhor nosso Deus, para nos deixar que alguns escapem..." (v. 8a).

Mesmo após o que ocorrera com Israel devido às suas iniquidades, Esdras reconheceu que o Senhor os castigara menos do que mereciam (v. 13). Porém, ciente da preocupação de Deus para com a vida física do Seu povo, ele proclamou esta graça da seguinte forma: "Estendeu sobre nós a sua misericórdia e achamos favor perante os reis da Pérsia... para que nos desse um muro de segurança..." (v 9b). Essas palavras, além de engrandecer a Deus devido à Sua misericórdia, serviram de estímulo para conscientização do povo. Portanto, se quisermos que nossas orações cheguem ao trono da graça prossigamos em conhecer a Deus e o que Ele tem feito por nós.

2. Reconhecendo Sua intervenção na vida espiritual do povo (v. 8b)

Para que tenhamos progresso em nossa vida espiritual, o passo mais importante é conhecermos a Deus (Cl 1.10; 2Pe 1.2; 3.18). Convicto disso, Esdras creu que Deus proporcionaria meios para que tal passo fosse alcançado pelo seu povo. Os quais eram:

a) Um lugar para que eles pudessem receber esse conhecimento: "... e para dar-nos uma estabilidade nos seu santo lugar"; e

b) Um entendimento divino para com as coisas espirituais: "para nos alumiar os olhos". 

Esdras sabia que Deus não havia libertado Israel simplesmente por libertar, ele orou crendo que já era o desejo de Deus o bem-estar do Seu povo "... e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão". Se desejarmos agir assim, prossigamos em conhecer os propósitos divinos, para que posteriormente sejamos fonte de ligação entre Deus e os seu povo.

III - Intercedeu pelo povo

Um dos motivos para que obtivéssemos hoje Cristo como nosso supremo intercessor (Hb 4.14; 5.5-10), foi o fato Dele ter se identificado conosco, tomando sobre si os nossos pecados (2Co 5.21; Is 53.5). É evidente que seria impossível igualarmos Esdras a Cristo. Porém, o nosso propósito é mostrar como em sua oração, ele identificou-se com o Senhor no momento em que intercedeu pelo povo:

1. Associando-se ao erro. Embora Esdras não tenha se envolvido com os pecados que o dexaram confuso e envergonhado diante de Deus, ao usar as palavras "nossas iniquidades" (v. 6) e "deixamos os teus mandamentos" (v. 10).

Ele associou-se ao erro do povo, dando prova de que estava unido com eles no mesmo propósito de restauração. Atitudes como essas impedem toda forma de prepotência nas palavras daquele que ora (Lc 18.10-14).

Cristo nos tem ensinado que devemos nos preocupar primeiro com os nossos erros, antes de nos preocuparmos como os de nossos irmãos (Mt 7.3-5). Façamos como os sumo sacerdotes que, antes de oferecerem sacrifício pelos pecados do povo, ofereciam pelos seus próprios (Lv 9.7; 16.6, 11-15).

2. Apresentando o erro

Os versículos 1 e 2 deste mesmo capítulo nos mostram, de forma mais detalhada, qual foi o pecado cometido pelo povo, que levou Esdras a interceder por eles. Ao vermos fazer menção da Palavra de Deus (vv. 11, 12; Êx 23.32.33; Dt 7.3,4), entendemos que ele estava realmente convicto do delito do povo.

É triste vermos pessoas fazerem chacota com aqueles que fraquejaram na fé, quando na verdade deveriam orar por eles. São pessoas que vivem a criticar, não ajudam os soldados feridos e são as primeiras a se afastarem ao vê-los no chão.

De que adianta dizermos que somos amigos, companheiros e parentes daqueles que não nos incomodam e sermos os primeiros a estar longe quando eles precisam de nós? (Sl 38.11).

Conclusão

A súplica de Esdras é um exemplo típico de uma oração sacerdotal e está carregada de lições para o povo de Deus. Nós, que também fomos estabelecidos como sacerdotes diante do Senhor (1Pe 2.5,9), devemos colocar em prática tais ensinamentos, a fim de permanecermos no centro da Sua vontade e, para que possamos ver as nossas orações alcançando o efeito e a importância desejadas.

13 fevereiro 2015

- Examinando o conteúdo da oração do sábio (2 Crônicas 6.12-31)

A oração de Salomão
Pôs-se Salomão diante do altar do Senhor,
na presença de toda a congregação de Israel,
 e estendeu as mãos.

Introdução

Sendo justo e santo em todo o seu procedimento, Deus não aceita estabelecer aliança com quem vive no pecado. Desta forma, faz-se necessário preencher certos requisitos, antes de se firmar um concerto com o Ele. 

A oração foi realizada por ocasião da inauguração do templo em Jerusalém. Trata-se de uma súplica que impressiona dada a profundidade com a qual o sábio faz as suas colocações. Ele reivindicou as promessas de Deus feitas a Davi, seu pai, reiterando a fidelidade divina. Apoiado na palavra de Deus, Salomão renovou a aliança com o Senhor, mostrando o seu compromisso em viver segundo a Lei mosaica. Este estudo tem como objetivo examinar o conteúdo da oração do sábio Salomão, como veremos a seguir:

I - Primeiro requisito: Atitudes corretas na oração

1. Consagrar-se ao Senhor:

"Pôs-se Salomão diante do altar do Senhor" (v. 12).
A atitude de Salomão define bem a intenção do seu coração. Ele queria de fato aproximar-se do seu Deus com sinceridade e receber Dele a garantia de novas perspectivas para o seu futuro e o da nação israelita (2Cr 6.40-42).

O altar sempre foi o lugar onde os sacerdotes ofereciam sacrifícios a Deus (Lv 9.7-24; 1Rs 18.30-38). A atitude de Salomão, ao colocar-se diante do altar, demonstrou um ato de consagração. Portanto, nosso primeiro requisito é CONSAGRAR-SE A DEUS.

2. Segundo requisito: Humildade
"Ajoelhou-se em presença de toda a congregação de Israel" (v. 13).
 Salomão era o rei de Israel. O maior, o mais rico e o mais importante de todas as nações. Mas, ao aproximar-se do Senhor, reconheceu-o como seu superior, mais rico e mais importante que ele. Não se envergonhou de ajoelhar-se na presença dos seus súditos. É uma atitude humilde, digna de louvor. Deus atende aos humildes (Jó 22.29; Sl 138.6; Tg 4.5-7). Portanto, isso é tudo o que o Senhor pede de nós (Mq 6.8) 
"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda" (Pv 16.18).
 3. Terceiro requisito: Compromisso
"Não há Deus como tu, nos céus e na terra, como tu que guardas a aliança e a misericórdia a teus servos que de todo o coração andam diante de ti" (v. 14).
Salomão sabia que era impossível conservar uma aliança se uma das partes deixasse de cumprir o acordo. Deus guarda a aliança e de maneira nenhuma deixa de cumprir a sua parte. "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou tendo falado, não o cumprirá?" (Nm 23.19). No entanto, algumas vezes, Deus deixa de cumprir aquelas promessas de caráter condicional, uma vez que estão atreladas a alguma contrapartida do cristão. É necessário manter o compromisso com Deus se quisermos respostas para as nossas orações.

4. Quarto requisito: Confirmar a fé na palavra de Deus (v. 15)

Salomão confiava plenamente na palavra de Deus. Ele sabia que o Senhor estava sempre velando no sentido de cumpri-la (Jr 1.12). Quando oramos pedindo algo que Deus nos prometeu, depois de já termos preenchido todas as condições exigidas por Ele, mas duvidamos em nosso coração, demonstramos com isso que não confiamos na Sua palavra e, de certa forma, o fazemos mentiroso (1Jo 5.10). Ao orarmos, devemos nos lembrar do que disse o Senhor Jesus: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" (Mt 24.35).

II - Os motivos da oração de Salomão

Toda oração tem os seus motivos. São situações como: desespero, angústia, necessidade ou um simples gestos de gratidão. Salomão apresenta alguns destes motivos pelos quais os israelitas orariam no templo, ou voltados para ele, de onde estivessem. O pedido do sábio a Deus: "ouve tu dos céus" (v. 27a). Vejamos:

1. Queda
"Quando o teu povo Israel, por ter pecado contra ti, for ferido diante do inimigo" (v. 24).
Aqui o sábio revela o viés sacerdotal da sua oração. Ele implora a Deus pelo perdão de um eventual pecado futuro do povo, intercedendo também pelo consequente livramento. Note que é a desobediência à palavra de Deus que abre brecha para o ataque sorrateiro do inimigo. O diabo não pode possuir o crente, mas pode persegui-lo, feri-lo e até levá-lo a morte, se ele viver pecando (Jo 10.10). A vitória do cristão passa necessariamente pela obediência à Palavra.
"Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já venceste o maligno" (1Jo 2.14b).
2. Aflição
"Quando os céus se cerrarem, e não houver chuva, por ter o povo pecado contra ti, e ele orar neste lugar, e confessar o teu nome, e se converter dos seus pecados, havendo-o tu afligido,..." (v. 26).
 Salomão reconhece que qualquer aflição que se abatesse sobre Israel teria a sua origem no Senhor, e seria em virtude da iniquidade do povo. Deus não é vingativo e nem tão pouco, castiga os seus sem ter uma finalidade. O que Ele faz, na verdade, é uma correção com o objetivo de disciplinar (Hb 12.4-13). Sabemos que nem toda aflição tem como pano de fundo o pecado, e Jó é um exemplo clássico disso. Todavia, se estivermos sendo afligidos por causa de comportamentos contrários à Bíblia, precisamos nos voltar para Deus em oração, com o coração verdadeiramente arrependido (Sl 119.67; Lm 3.29-33).

3. Angústia

É uma depressão física seguido de uma opressão. A angústia trás fraqueza espiritual, desânimo, mal humor, insatisfação, e até suicídio. Em Provérbios 24.10 diz: "Se enfraqueces no dia da angústia, a tua força é pequena".
"Quando houver fome na terra ou peste, quando houver crestamento ou ferrugem, gafanhotos e larvas, quando o seu inimigo o cercar em qualquer das suas cidades ou houver alguma praga ou doença,..." (v.28).
Fome ... gafanhotos. As fomes e pragas de vários tipos são frequentemente listado como maldições da aliança (Levítico 26:16, 20, 25, 26; Deut. 28:20-22, 27, 28, 35, 42). Leia mais em: Bíblia Comentada por Versículo.

As enfermidades, as pragas (v. 28b) na lavoura ou no mantimento estocado na despensa, nem sempre têm como causa direta o pecado. Mas, certamente, todas essas coisas são consequências dele. No caso específico apresentado por Salomão, as pragas e as doenças seriam resultantes da iniquidade do povo. Assim, os israelitas deveriam orar a Deus no templo, ou voltado para ele, implorando pela benevolência divina: "Ouve tu dos céus, lugar da tua habitação, perdoa, e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do coração dos filhos dos homens" (v. 30). 

4. Incapacidade
"... toda oração e súplica, que qualquer homem ou todo o teu povo de Israel fizer, conhecendo cada um a sua própria chaga e a sua dor, e estendendo as mãos para o rumo desta casa,..." (v. 29).
Este, talvez, seja o principal motivo para nos chegarmos a Deus: o reconhecimento de que somos pobres e necessitados (Sl 40.17). Muitos dos males citados anteriormente neste estudo poderiam não recair sobre a nação como um todo, mas, sobre alguém em particular. Nesta situação, este indivíduo, reconhecendo a sua chaga e a sua dor, e sabendo ser incapaz de suplantar tamanha dificuldade, oraria a Deus, confiando na Sua resposta. Quando nos achegarmos a Deus totalmente rendidos a Ele, fiados tão somente na Sua misericórdia e poder, estarmos muito próximos de receber aquilo pelo qual tanto ansiamos.

III - Conclusão

A oração de Salomão tem muito a nos ensinar. Certamente temos que mudar os nossos conceitos, e entender que a nossa conversa com Deus não pode ser resumida numa relação interminável de pedidos pessoais. Ela é, acima de tudo, uma demonstração de compromisso com o Senhor. É exatamente por isso que devemos orar com as atitudes corretas e com os motivos verdadeiros. Na oração, nós podemos tanto honrar a Deus, glorificando o Seu nome quanto mentir a Ele, tentando enganá-lo com os discursos elaborados. A verdadeira súplica não é aquela que diz o que Deus quer ouvir, mas aquela que desnuda a alma diante Dele.