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22 março 2013

O bom combate do evangelho - Colossenses 4.2-18

Fotos: Wikimedia
Por Cássio Lopes / Estudo extraído em citações breves do Dicionário Ilustrado da Bíblia da Editora Geral Ronald F. Youngblood e Co-Editores F.F. Bruce e R.K. Harrison)

PREFÁCIO
Colossos foi uma "cidade na província romana da Ásia - ao leste da Turquia - situada no vale do Lico, por volta de 160 quilômetros a leste de Éfeso. O apóstolo Paulo escreveu uma carta à igreja de Colossos (Cl 1.2). A comunidade cristã cresceu, aparentemente, sob a liderança de Epafras (Epafras significa encantador - era um pregador cristão que espalhou o evangelho aos colossenses - Cl 1.7; 4.12) e Arquipo (Arquipo significa Chefe dos Cavalariços - Local para alojamento de cavalos - Cristão e oficial da igreja. O apóstolo Paulo referiu-se a ele como 'nosso companheiro de luta').

A cidade forma um triangulo com outras duas cidades do vale do Lico, Hierápolis e Laodicéia, ambas mencionadas no Novo Testamento. Já no século 5 a.C. Colossos era conhecida como uma cidade próspera; mas por volta do início da era cristã, foi ofuscada por seus dois vizinhos. Consequentemente, sua reputação passou a ser a de uma pequena cidade.

Embora Colossos fosse progressivamente ofuscada por Hierápolis e Laodicéia, manteve importância considerável no segundo e no terceiro séculos D.C. Mais tarde, sua população transferiu-se para Chonais (moderna Honaz), a três milhas ao sul. A colina que assinala a posição de Colossos permanece desabitada ainda hoje.".

Estudo da Revista EBD nº 67 - ano 17 para jovens e adultos da ADGO (Assembléia de Deus - Gama Oeste/DF)
Adaptação: Diácono Cássio Lopes

A oração apresentada por Paulo em Colossenses tem a mesma essência da que Jesus nos mandou praticar. "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á" (Mt 7.7). Por causa da força desta oração, o apóstolo a considerava um "combate" (Cl 1.29; 4.12). A oração do cristão que está fundamentado em Cristo é uma luta travada contra as trevas, nas "regiões celestiais" (Ef 6.12). O combate do Evangelho muda as circunstâncias e as vezes nos ajuda a ajustarmos a ela, e outras vezes nos leva a aceitá-la como sendo a soberana vontade de Deus para as nossas vidas.

As riquezas da intimidade com Cristo podem ser experimentadas por meio de uma oração fervorosa, que exclui todo egoísmo e eventuais desejos mundanos, e é onde se deve prevalecer a vontade de Deus. Uma oração centrada nestes princípios tem o poder de mudar circunstâncias, sejam elas as mais difíceis.

O versículo 2 desse estudo diz: "Perseverai em oração, velando nela com ação de graças"  - A palavra "perseverai", dá a ideia de continuidade e espera. Significa que mesmo nas dificuldades, quando as trevas se intensificam, devemos ser constantes. A palavra "velando diz respeito a manter-se acordado, conservar-se aceso; estar alerta, vigiar. Todavia, existe uma verdade essencial na oração. A vontade do cristão deve estar completamente submissa à vontade do Senhor, inclusive seu livre arbítrio. Isto significa entrega total; renúncia; esvaziar o "eu" para o Espírito Santo aparecer e dominar toda situação em nossas vidas. Portanto, nossas palavras devem ser moderadas para não ofendermos aquele que é Senhor dos senhores. Analisar primeiro o que vamos pedir para depois apresentarmos a Ele as nossas orações. Detalhe: o que vamos pedir a Deus deve estar dentro da sua maneira de ver as coisas e não da nossa (Ec 5.1,2).

Seguindo no versículo 3 "orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso"  - A oração é o sustentáculo para qualquer empreendimento espiritual. O apóstolo orava pedindo para o Senhor escancarar as portas para que o Evangelho avançasse no meio gentílico. Da mesma forma, poderíamos experimentar maiores possibilidades evangelísticas e um maior mover do Espírito em nosso meio se separássemos mais tempo ao exercício da oração. Sem contar que, parte do tempo que temos dedicado às vigílias - correntes e campanhas -, é pedindo por coisas efêmeras, investindo no inimigo de Deus, o mundo (Tg 4.1-4).

Algumas vezes, oramos pedimos algo que queremos para o nosso benefício, mas o Senhor prefere nos ajustar a outras maneiras e circunstâncias, como por exemplo, mantendo-nos perto de pessoas indesejáveis, não nos livrando daquele vizinho perturbador, impedindo-nos de mudar de emprego ou do setor que trabalhamos, com a finalidade de nos usar para que por meio das circustâncias as pessoas venham a mudar pelo conhecimento do evangelho. É isto que o texto nos recomenda: "Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo" - versículo 5. A expressão "estão de fora" é uma referência aos que ainda não se renderam aos pés de Jesus. É exatamente perante eles que o Senhor nos faz permanecer, para que possamos  influenciá-los com a graça do Evangelho que nos alcançou. É em plena trevas, que o Senhor faz resplandecer a nossa luz como luzeiros no mundo (Fp 2.15). É pelo combate do Evangelho que conseguiremos andar sabiamente diante dos homens, tapando a boca dos ignorantes (1Pe 2.15). A sabedoria que o Senhor nos proporciona, atrai os de fora para dentro, encurtando o tempo da vinda do Senhor.

"A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um" - versículo 6. A palavra "temperada com sal" é impoluta, ou seja, imaculada, virtuoso, pura, não poluída e não fere o pudor. Para que possamos responder com convicção a quem tem dúvidas, precisamos embasar (alicerçar, argumentar e apoiar) nossas palavras nas Escrituras. O nosso linguajar deve ser condizente com a fé que pregamos e não pode contestar a palavras amargosas, tais como, murmuração, contenda, difamação, crítica, pessimismo e revolta. Outros há que usam de palavras doces, adaptadas às circunstâncias, com o intuito de bajular. Todavia, devemos aprender a falar de forma comedida (moderado, prudência), sábia, bíblica, imparcial e justa (Tg 3.10-12).

Versículos 7-9 "Tíquico, irmão amado, e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos fará saber o meu estado; o qual vos enviei para o mesmo fim, para que saiba do vosso estado e console o vosso coração, juntamente com Onésimo, amado e fiel irmão, que é dos vossos; eles vos farão saber tudo o que por aqui se passa". Chegamos ao ponto de apresentar o que realmente acontece com o cristão que tem plena comunhão com o Senhor. Apresentar as dificuldades que sofrem quando o Evangelho é propagado. Apresentar a clareza da intimidade em aceitar a vontade de Deus por inteiro. E o maior exemplo que temos vem do apóstolo Paulo e seus companheiros de luta que glorificavam a Deus nas tribulações e nas fraquezas (2Co 12.10). Eles não faziam caso de suas vidas. Não visava à satisfação de desejos pessoais, mas deleitavam-se em Cristo que é a nossa vida. É o que o texto nos faz entender.

O que passamos aqui está no controle do Senhor e a preocupação do apóstolo não era para que o Senhor melhorasse as coisas (uma vez que ele estava preso), mas sim que estas coisas fossem compreendidas pelos crentes como sendo a mão de Deus. É o reconhecimento de que o Senhor está agindo em todos os acontecimentos da nossa vida (Pv 3.5,6). O fato de estarmos quietos em Deus mostra onde reside a nossa força (Is 30.7b), pois aquietar-se em meio às turbulências é reconhecer que o Senhor é Deus (Sl 46.10). A recomendação de Paulo à igreja de Colossos é que eles se sentissem consolados com a sua situação de prisioneiros, bem como com relação ao seu iminente martírio.

Estando preso ou livre, importa fazer a vontade de Deus - Versículo 10-13: "Aristarco, que está preso comigo, vos saúda, e Marcos, o sobrinho de Barnabé, acerca do qual já recebestes mandamentos; se ele for ter convosco, recebei-o; e Jesus, chamado Justo, os quais são da circuncisão; são estes unicamente os meus cooperadores no Reino de Deus e para mim têm sido consolação. 
Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis." 

O amor abnegado de Paulo é perceptível na sua maneira de tratar as circunstâncias. Ele vê o perigo ou a situação de sofrimento como sendo parte do plano maior de Deus, e o aceita pacientemente. Por esta razão, ele pode ser experimentado em todas as coisas (Fp 4.12). Este é o ponto que devemos alcançar em nossa vida cristã, a maturidade para enfrentar dificuldades e barreiras, alegrando-nos sempre no Senhor (Fp 4.4) Diante do perigo da morte por causa do evangelho, Paulo simplesmente declarou: "Que fazeis vós, chorando e maoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus" (At 21.13).

O apóstolo Paulo decidido afirma contundentemente para que os crentes da igreja de Colossos "Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para que o cumpras" versículo 17 - Como pode alguém na situação do apóstolo, dentro de uma prisão, com os dias contados, mostrar-se ainda preocupado com o ministério do Senhor? A atitude de Paulo contrasta radicalmente com o modo de agir de muitos hoje, que mesmo estando livres e tendo todo o tempo para fazer  a obra de Deus não se voluntariam para tal. Ao priorizar a obra de Deus, mesmo estando diante da morte, Paulo demonstrou que a sua intimidade com Cristo não estava fundamentada em outra coisa que não fosse um forte amor para com Deus e o Seu reino. Quando chegarmos neste estágio, poderemos dizer que colocamos o Reino em primeiro lugar em nossa vida (Mt 6.33).

Quando o apóstolo Paulo cita: "Lembrai-vos das minhas prisões" (v.18). Ele simplesmente faz um pedido emocionante, único. Ele pede inocentemente que os irmãos o ajudem no "combate" eficaz por meio da oração. Deseja que os irmãos se lembrem do seu estado e usem isto como exemplo para continuarem a vida cristã (At 15.25,26; 20.24; Fp 2.30). Em nenhum momento Paulo reclama de sua situação, apenas pede aos irmãos que se lembre de sua prisão, estimulando-os a permanecerem firmes e constantes. Isto nos faz recordar a atitude de Pedro e João, que, após terem sido açoitados, ficaram cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas por causa do Evangelho (At 5.41). Estes exemplos revelam o grau de intimidade com Cristo e o amor abenegado que todos nós precisamos ter.

Queridos, a oração sincera, correta e desprovida de egoísmo e ostentação é a arma mais poderosa que o Senhor nos concedeu. É pelo combate fervoroso que vencemos as trevas, o mundo e a nós mesmos. Algumas vezes a oração muda às circunstâncias, em outras, o Senhor usas as circunstâncias para nos aperfeiçoar e nos levar à maturidade. Precisamos chegar a este nível de intimidade com o Senhor, onde levamos em conta apenas aquilo que é bom para a expansão do Reino de Deus e não o que é para nossa satisfação pessoal. Quando os motivos da nossa vida forem a conversão dos incrédulos, o cumprimento cabal do ministério que nos foi confiado e a conformidade dos nossos desejos com a vontade soberana do Senhor então estaremos verdadeiramente combatendo o bom combate do Evangelho.

A Paz do Senhor.