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23 dezembro 2014

- Reflexões nos Salmos

Apresentação

O Tema sugerido tratará em buscar diligentemente, no seu conteúdo, as verdades para o nosso enlevo espiritual, certamente encontraremos um rico tesouro, pois foram escritos em forma de cânticos, expressando o sentimento mais profundo da alma dos escritores inspirados. São livros que escondem, na sua linguagem, ensinos profundos. Neles, revela-se a Pessoa bendita de Jeová e mostra-nos claramente seus atributos.

O nosso desejo sincero é que todos os leitores deste estudo usufruam ao máximo das bênçãos daquele que é o auxílio e o maior bem, criador e rei, fortaleza e remidor, juiz e vitória, Deus e força, sustentador e libertador.

Introdução

Os Salmos vem nos estimular a buscar ao Senhor para tê-lo como nosso auxílio. Todavia, devemos atentar para as diretrizes apresentadas nele. De acordo com o salmista Davi, ter o Senhor como nosso auxílio requer certas atitudes, gera certas implicações, mas também, proporciona maravilhosos benefícios.

Após assumir o trono de Israel, Davi destruiu muitas nações, despojando-as (2Sm 12.30). Com isso, ele acrescentou ao seu tesouro particular uma enorme fortuna. Contudo, mesmo rico, em oração, ele diz a Deus: "Tu és o meu Senhor; não tenho outro bem além de ti" (Sl 16.2). Por que Davi considerava Deus sua única possessão? Porque ele sabia que o Senhor era a fonte de tudo quanto possuía e que somente o Criador poderia preenchê-lo.

Os Salmos celebram a supremacia de Deus, criador e Rei absoluto do universo. Aqui temos o caráter de Deus visto e reconhecido tanto pelo livro da natureza como  pelas páginas das Escrituras. Como diz B. Ramm: "Se o Autor da natureza e das Escrituras é o mesmo Deus, então a certa altura os dois livros precisam contar a mesma história". E é este objetivo deste estudo. Por um lado temos a natureza que testemunha a glória de Deus (como símbolo físico da sua majestade) e, do outro, as escrituras que tanto confirmam as obras das suas mãos como apontam a continuidade eterna dos seus feitos na vida daqueles que O obedecem.

Os Salmos também nos traz grande conforto, pois nos ensina que Deus é o nosso Rei e isso implica que somos seus súditos, portanto, precisamos agir como tais. Todavia, como súditos, participamos das glórias deste Reino Celestial.

Os Salmos retratam também que os deuses foram criados pelos homens para serem adorados, nenhum tipo de fortaleza trazem, pois quando tais deuses foram idealizados, herdaram de seus idealizadores suas limitações. Por esta razão, para cada tipo de problema, o homem criou um deus.

O Salmo 46.1 diz: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia". Como o problema que ocasionou a angústia não foi especificado, podemos assegurar que a força do nosso Deus é ilimitada.

Deus é o nosso remidor, ou seja, aquele que expia por nós, que nos redime e nos resgata, que nos salva e nos tira do cativeiro para si. Foi exatamente isso que o Senhor fez por nós quando nos resgatou da escravidão do pecado; e o preço pago por essa remissão foi o precioso sangue de Jesus derramado na cruz do calvário (1Pe 1.18,19). "O qual deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tt 2.14). Refletindo no Salmo 51, entenderemos quais são as exigências de Deus para remir o pecador, Suas atitudes no sentido de promover a remissão e Suas expectativas para com os remidos.

O pecado tem se tornado tão normal que o mundo sofre, como nunca, as dores dessa doença maligna. Para muitos é considerado acreditar na existência de um Deus justo em meio a tanta injustiça. É difícil separar duas realidades que se sobrepõem: a de uma vida injusta e a de um Deus justo.

O salmo 94 começa com o clamor de um salmista essencialmente humano, confuso, ressentido pela maldade que o cerca, mas que continua revelando sua total segurança na existência de um Justo Juiz que não ignora nenhum acontecimento. Neste estudo aprenderemos um pouco mais sobre esse Juiz.

Temos o Salmo 98 que é um hino de exaltação ao Senhor pela vitória concedida ao salmista, vitória essa que não consiste apenas em coisas terrenas, palpáveis e transitórias, como as que são sugeridas em algumas pregações e pedidos de oração. O Senhor, graças ao seu infinito amor para com seus filhos, concede-lhes regalias (Lc 11.11-13). No entanto, Deus nos concedeu uma vitória eterna ao nos livrar do pecado e nos transformar em criaturas renovadas. Graças a essa mudança, hoje somos capazes de testemunhar a misericórdia de Deus para conosco, consumada na cruz do calvário. Ou seja, nossa maior vitória é nosso Senhor, uma vez que Ele nos conferiu liberdade, vida e o direito de proclamar que somos mais do que vencedores (Rm 8.37).

Muitas pessoas não conhece Deus e não sabem o seu significado. A palavra "Deus", de acordo com os Dicionários Priberam e Bíblico Almeida, pode ser definido como "ser supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo; cada um dos membros da trindade". O salmo 115, embora de autor desconhecido e com uma tenacidade espiritual impressionante, além das qualidades anteriormente citadas, traz em seu texto um conceito sobre o Senhor, a partir de algumas das suas características, por exemplo: digno de toda glória, honra e majestade; digno de toda nossa confiança pelo que representa em nossas vidas, bem como ser visto como o Senhor que abençoa seu povo. Dessa forma, essas características conceituais observadas pelo salmista serão objetos de nosso estudo também.

Quando investimos na carreira cristã, passamos por muitos momentos difíceis e vivemos em constante batalha. Por vezes desanimamos ou até mesmo nos desesperamos diante dos problemas que se nos apresentam. Assim, nos sentimos como o salmista, quando disse: "Estou fraco e mui quebrantado; tenho rugido por causa do desassossego do meu coração" (Sl 38.8). Portanto, faz-se necessário saber a quem de fato estamos servindo e quem é que está diante de nós. Este estudo em como objetivo mostrar que o Senhor é a nossa força tanto por aquilo que Ele é como por aquilo que Ele faz.

A minha e a sua alma quer e procura por Deus, necessita de Deus. Assim diz o Salmo 63.8: "A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta". A figura do Deus sustentador repousa nos atributos de Sua onisciência, onipresença e onipotência. Assim, devemos crer, descansar e nos entregar a esse maravilhoso Deus e Senhor que nos sustenta entendendo, segundo a Sua Palavra, que Ele sabe de todas as coisas, está em todo lugar e que tem um poder ilimitado. 

Podemos confiar no Senhor porque "O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador..." (Sl 18.2). Diversas maneiras Deus pode ser o nosso libertador; seja em aspectos gerais como em nossa salvação ou em situações do nosso cotidiano. O importante é que somente Nele podemos vivenciar o verdadeiro significado de termo liberdade. Neste estudo, discorreremos sobre a forma diferenciada e sobrenatural com a qual fomos libertos pelo nosso Senhor.

I - O Senhor me ouve quando eu clamo por ele (Salmo 4)

1. O auxílio divino requer certas atitudes

Estas atitudes devem estar em conformidade com o relacionamento adequado com Deus, de quem nada se pode esperar, se não andarmos de acordo com os princípios estabelecidos na Sua Palavra: "Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito" (Jo 15.7).

A oração de Davi implica que ele era reto nos seus caminhos e que suas obras podiam ser perscrutadas pelo olhar daquele que julga tudo retamente: "Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça...". Daí a sua confiança em pedir a Deus auxílio na angústia, misericórdia e atenção à sua oração. Quem tem um relacionamento correto com o Senhor, consequentemente faz uma oração cujo conteúdo satisfaz a Sua vontade: "E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve" (1Jo 5.14.

O salmista Davi diz que o Senhor distingue o piedoso. Ele consegue diferenciar dentre os mais de sete bilhões de pessoas na terra, aqueles que têm o verdadeiro respeito pelas coisas religiosas e espírito de devoção. "A piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser" (1Tm 4.8). Portanto, ouve a sua oração e o auxilia nos momentos de angústia. Ele faz distinção entre o piedoso e aquele apenas tem tal aparência (2Tm 3.5). Deus é onisciente, e conhece os homens no mais profundo de seu coração.

Nas Escrituras Sagradas, podemos conhecer Deus e a Sua vontade, para adquirirmos total confiança na hora que clamarmos pela Sua ajuda: "Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus" (1Jo 3.21).

A confiança brota de um relacionamento adequado entre duas pessoas. A desconfiança é o indício de infidelidade, ausência de sinceridade ou falta de conhecimento mais profundo um do outro. Quando nos relacionamos com o Senhor, estas falhas são sempre detectadas em nós, pois em Deus não há imperfeições (Tg 1.17). É procurando nos adequar a vontade Dele que vamos crescendo em confiança.

2. O auxílio divino gera certas implicações

A Palavra de Deus faz a seguinte indagação: "Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?" (Am 3.3). Trata-se de uma pergunta retórica, onde todos sabemos que a resposta é não! Andar com Deus, como Enoque (Gn 5.24) e Noé (Gn 6.9) andaram, requer comportamento compatível com os caminhos delineados por Ele. Então, se essa afirmação é correta, devemos descobrir o que o Senhor requer de nós:

a) Abandono da vaidade e da mentira

Na Bíblia, principalmente nos salmos, a palavra vaidade tem o sentido de vão, ilusório, pouco duradouro. Uma confiança nas riquezas, nos políticos, nos médicos, alienada de Deus é uma forma de se estribar no vazio. O texto bíblico estende ainda mais o significado aplicando-o à confiança na futilidade dos ídolos. Portanto, aquele que confia na força do seu braço, na sua saúde, no seu vigor e na sua beleza é idólatra. Esta é, também, uma forma de buscar a mentira, ou seja, um comportamento diário fingido: "Ó homem, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e buscareis a mentira?" (Sl 4.2). Por conseguinte a Bíblia diz: "Não confie, pois, na vaidade, enganando-se a si mesmo, porque a vaidade será a sua recompensa" (Jó 15.31).

b) Examinar-se regularmente

As Escrituras Sagradas afirmam que o coração é mais enganoso do que todas as coisas (Jr 17.9). Daí a necessidade de constante introspecção para detectar o menor sinal de orgulho e de rancor, se quisermos que o Senhor atente para o nosso clamor e nos auxilie em tempos de angústia. O texto diz: "Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai" (Sl 4.4). Devemos fazer uma investigação sincera todo instante, pois nos ajudará a desalojar do coração a ira contra o nosso irmão e a inquietação causada pelas preocupações com as coisas desta vida. Com isso, concorda o apóstolo Paulo ao escrever Efésios 4.26: "Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira" e Filipenses 4.6: "Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças".

3. O auxílio do Senhor produz benefícios

Além de mostrar que o Senhor requer atitudes corretas do cristão e que um relacionamento adequado com Ele traz implicações, o salmista revela, também, que há grandes benefícios em tê-lo como o nosso auxílio.

Os desafios são constantes na vida de quem anda com Deus, incluindo investidas dos inimigos contra a nossa fé. "Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem?" (Sl 4.6), ou "O teu Deus, onde está?" (Sl 42.3) e, também: "Onde está o Deus dele?" (Sl 115.2). Diante de tais ataques, somos consolados com a presença do Deus Altíssimo, que faz brilhar sobre nós a luz do seu rosto, dando-nos a certeza de que estamos plenamente protegidos, da mesma forma como a nuvem protegia os israelitas de dia e a coluna de fogo os aquecia durante a noite no deserto (Êx 13.21). Portanto, "Senhor, levanta sobre nós a luz do teu rosto".

A alegria que o Senhor nos proporciona é diferente de qualquer tipo de sensação produzida pelas efemeridades deste presente século. Davi chega mesmo a fazer um contrate entre a alegria vinda do Senhor e a produzida pelos resultados de uma grande fartura de alimentos. Até porque a alegria dos ímpios é mais racional, já que procede de um entendimento de que tudo agora vai bem, não havendo motivos para tristeza. A alegria deles está apoiada no ter muitos bens, que logo será consumidos e voltarão a ter pesares e tristeza (Lc 12.16-21). No entanto, a alegria do salmista não depende de circunstâncias, pois, provém de Deus, da sua presença, que é garantia de gozo pleno (Sl 16.11). A alegria do Senhor é duradoura e plena: "Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho" (Sl 4.7). Era isso que Paulo tinha em mente, quando escreveu: "Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos" (Fp 4.4).

Quando alegramos no Senhor podemos repousar seguro de dia e de noite. "Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro" (Sl 4.8). Um quadro que ilustra bem este texto é a pintura de um pássaro repousando em seu ninho com seus filhotes na fenda de uma penha, localizada logo abaixo de uma perigosa cachoeira. Apesar das muitas águas e do barulho ensurdecedor, a ave permanece tranquila, pois confia na segurança da rocha. A Bíblia compara a confiança do crente no Senhor com a firmeza de um monte inabalável e firme para sempre (Sl 125.1).

Há muitas causas para a depressão e para a insônia, mas é sempre bom suplicar o auxílio divino quando somos acometidos de tais anomalias. Um sono tranquilo não é produzido por um comprimido de tranquilizante, mas pela presença de Deus que nos faz repousar seguros.

II - Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente (Salmo 16)

1. O Senhor deve ser o nosso maior bem

A resposta é simples: quem tem a Deus tem tudo, mas, quem não O tem, nada tem. Destacamos, pois, três razões que corroboram com a ideia do tópico VI:

a) Por que Ele é o caminho da vida

Nenhum bem, por melhor que seja, terá valor algum a não ser que estejamos vivos. A Bíblia revela que na sepultura, para onde vamos, não há obra, nem indústria (Ec 9.10). Se tais obras existissem, elas seriam inaproveitáveis, uma vez que, no mundo dos mortos, essas, nada representam. Não há razão para a existência de uma casa se não há moradores dentro dela e, para que haja, é necessário que esses respirem. Quando falo de vida, não estou me referindo ao ato ou efeito de existir, uma vez que é possível existir sem viver. Jesus falou de pessoas que, apesar de fisicamente vivas, encontravam-se espiritualmente mortas (Lc 9.60). O Senhor é aquele que nos faz ver a vereda da vida. É Deus quem nos conduz pelos portais eternos, apontando para Jesus: "Eu sou o caminho" (Jo 14.6).

b) Por que Nele há fartura de alegria

Não se trata de uma "alegria" encontrada à roda da mesa de um barzinho ou ao contentamento manifestado após sucesso no vestibular. Refiro-me antes àquele estado de jubilo e paz que não depende de circunstâncias externas. Falo daquela exultação e gozo de espírito que ninguém pode roubar (Is 35.10). Jesus disse em João 16.21,22 que a mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado a luz à criança, já se não lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo. E acrescentou: "Assim também vós, agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria, ninguém vo-la tirará". É sobre essa alegria de que estamos discorrendo, a alegria gerada pela doce presença de Deus.

c) Por que Nele encontramos deleite para a alma

A palavra deleite significa bem-estar, encanto pela vida, gozo, prazer, sabor existencial. A alma deleitosa é aquela que bebe da água da vida e come do pão do céu. Esses dois nutrientes, indispensáveis à vida, encontramos somente à destra de Deus, pois a sua presença nos farta. Sua maravilhosa graça é mais que bastante. Era disso que Jesus falava quando disse: "Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva" (Jo 7.38). Portanto, quem deseja desta vida deleitosa deve fazer do Senhor a sua porção e o seu bem maior. Nossa alma não terá realização em qualquer coisa, ou seja, que não em Deus. Aquisições, posses, fama, dinheiro, tudo  isso e infinitas coisas mais não nos darão o contentamento de que precisamos (Mt 16.26).

2. Quando o Senhor se torna nosso maior bem

Faz-se necessário colocar Nele todo o nosso prazer, torná-lo o objeto único de nossa adoração e buscá-lo ininterruptamente.

Notemos que, quando falamos de "prazer", somos levados a pensar em alguns pássaros quando da extração do néctar da flor. Eles se deliciam nisso como quem disso depende a própria vida. Semelhantemente, nós deveríamos nos deliciar em Deus, extraindo dele tudo que Sua presença oferece. Deus deveria ser a fonte de toda a nossa satisfação. Deveríamos nos encher dele até "não caber mais". A expressão pode também se referir a um homem apaixonado por uma mulher. Ele fica embriagado com seus encantos, atraído por sua beleza (Ct. 4.10). Ao tornar Deus nossa única fonte de prazer, ficaremos perplexos com os encantos de Sua graça, maravilhados, contemplaremos Seus atributos e, cativos, nos surpreenderemos com as riquezas de Suas misericórdias (1Co 29.11).

Quando Deus se torna o objetivo único de nossa adoração (Sl 16. 4), outros deuses não roubam a cena. Sequer os nomes deles serão pronunciados, a não ser com o intuito de se denunciar o quanto é vã a crença neles (Êx 23.13; 1Co 8.4). Quando o Senhor é o nosso maior bem, não há espaço para outros amantes, pois o adultério espiritual revelar-se-á inviável. A proposta do evangelho é monoteísta e não politeísta (Êx 20.3). O Deus da Bíblia é o único suficientemente digno de receber a adoração dos homens e dos anjos (Ap 4.11). Quem quiser evitar sofrimentos desnecessários, deverá manter uma aliança permanente de exclusividade com Ele (Ex 23.32, 33).

Quando buscamos Deus de forma ininterrupta, despertamos um interesse muito maior e passamos a investir com mais qualidade e quantidade de tempo para termos esse bem maior. Colocar o Senhor continuamente diante de nós significa viver atraído por sua constante presença. Jesus disse que onde estiver o nosso tesouro, aí estará também o nosso coração (Mt 6.21). Se Deus é o nosso bem maior, desejaremos ardorosamente a Sua companhia.Fome e sede de Deus despertarão a nossa alma. Tal qual a corça que suspira pelas correntes das águas (Sl 42.1), Suspiraremos por Ele com o anseio dos santos homens de Deus. Ardor e anelo consumirão dia e noite nossas almas famintas até nos vermos saciados. Precisamos voltar ao quanto secreto da oração (Mt 6.6), onde o nosso espírito, inundado pela glória de Deus, se deleitará até extravasar de amor por Aquele que nos amou primeiro.

3. Benefícios ao termos Deus como nosso maior bem

O que acontece com aqueles que colocam em Deus todo o seu prazer, que O tornam seu objeto único de sua adoração e que O buscam de forma ininterrupta? Deus os cobre com suas bênçãos. E quais são estas bênçãos? Citemos algumas:

a) Sustentabilidade:

Isto significa que não ficaremos frustrados em nossas esperanças e expectativas (Pv 23.18). Deus se levantará, pleiteará as nossas causas e defenderá o nosso direito. Em suma, o Senhor pelejará por nós. A Bíblia diz que Deus trabalha para aquele que nele espera (Is 64.4). Sustento traz a ideia de apoio. Deus tornar-se-á uma coluna de firmeza e amparo na vida daqueles que O tem como seu bem maior. Imagine encontrar-se na posição de Pedro - mar revolto, águas turvas atormentando-o e prestes a engoli-lo. Sem chão para firma-se, Pedro clama por socorro e Jesus o sustenta, segurando-o pela mão, conduzindo-o a um lugar seguro (Mt 14.24-32). Ao entender que Deus é o nosso maior tesouro e ao agir em conformidade com este entendimento, podemos, sem sombra de dúvida, esperar que Ele sustente a nossa sorte. A oração de Davi revela que ele compreendia e vivia isso (Sl 43.1).

b) Herança:

Esta herança pode ser vista das mais variadas formas. Por exemplo: Deus promete que o trabalho de seu povo não vão (1Co 15.58). Também lhes garante um repouso eterno (Hb 4.9). O altíssimo trabalho com a lei da recompensa. Se colocarmos Nele nosso prazer, tornando-o objeto único de nossa adoração, e buscando-o continuamente, podemos esperar grandes coisas. O Senhor diz que se o ouvirmos, tendo o cuidado de guardar todos os seus mandamentos, seremos exaltados sobre as nações. Bênçãos virão sobre nós, e nos perseguirão, tanto na cidade como no campo. O fruto do nosso ventre, da nossa terra e dos nossos animais serão abençoado, assim como nossos cestos e amassadeiras. Seremos benditos tanto quanto entrarmos como quando sairmos (Dt 28.1-6). Evidentemente não se trata apenas de uma herança terrena, mas, sobretudo, espiritual. Deus promete recompensas no porvir (Ap 2.7, 11; 3.5, 21) Tudo isso é herança que cabe aos crentes.

c) Sem condenação:

As escrituras asseveram que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito (Rm 8.1). Uma vez permanecendo nesta condição passaremos da morte para vida e não sofreremos o dano da segunda morte. Na verdade, os santos comparecerão diante do tribunal de Cristo, mas, trata-se de um tribunal compensatório e não condenatório. Não há que se falar em juízo para o legítimo povo de Deus. O versículo 10 de Salmo 16 assevera que Deus não deixará nossa alma no "sheol" ou sepultura. A cova não poderá nos deter porque o Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão (1Ts 4.16). Aleluia!

22 dezembro 2014

- Mensagem de Deus para a igreja hodierna (Ezequiel 2.1-10; 3.1-3)

Apresentação

Antes de entramos no estudo, queremos sintetizar um pouco sobre a vida de Ezequiel.
Ezequiel significa  "(Deus fortalecerá) - profeta de família sacerdotal levado cativo para a Babilônia em 597 a.C. quando tinha por volta de 25 anos de idade. Sua chamada para o ministério profético deu-se cinco anos depois. Profetizou ao povo cativo que habitavam perto do rio Quebar, em Tel-Aviv. Foi casado com aquela que seria ' "a delícia de seus olhos" '. Mas Deus, em Ezequiel 24.16, disse: 'Filho do homem, eis que tirarei de ti o desejo dos teus olhos dum golpe, mas não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas.'  Um dos eventos mais tristes de sua vida foi a morte da esposa. O profeta fora avisado que no mesmo dia em que recebesse essa revelação, sua esposa morreria durante o cerco dos exércitos da Babilônia à cidade santa de Jerusalém. Ezequiel ficara muito triste e se lamentava muito. No versículo 17, Deus chama Ezequiel e diz a ele para refrear o gemido e não tomar luto por mortos; pede para apertar o turbante e meter nos pés os teus sapatos.".
Vejam que o profeta muito triste com a morte da esposa teve que recompor-se, fortalecesse para pregar a Palavra do Senhor ao povo cativo. "Ezequiel recebeu orientação para não lamentar-se, antes deveria permanecer inabalável (a palavra inabalar é um adjetivo masculino e feminino, ou seja, que permanece fixo; em que há firmeza; que não se consegue abalar; fixo. Em um sentido figurado quer dizer que está excessivamente enraizado; arraigado ou que não se pode quebrar; que é resistente; inflexível ou ainda, que não se perturba; implacável ou imperturbável - É desse tipo de Igreja que Deus precisa para fazer a sua Obra.) diante de tal tragédia do mesmo modo como o povo de Deus deveria preparar-se para a morte de sua amada cidade (Ez 24.15.22). Talvez nenhum outro episódio na vida seja tão tocante quanto este. Ezequiel mostra-nos quão terrível e sério é nosso pecado. É provável que esse tenha sido o motivo de Deus ter agido de maneira tão radical ao lidar com a condição humana - ao enviar seu Filho Jesus para morrer em nosso lugar e nos libertar das amarras do pecado."

Introdução

Ao enviar o profeta ao povo com poderosas mensagens e exortações, Deus procurava trazer para si, Israel, para que, esse povo, pudesse entender e viesse a ter uma mudança radical que envolveria pensamentos, vontade, emoções, religião e viver diário, pois havendo arrependimento de todas as transgressões cometidas, "... não haverá lembrança contra ele; pela justiça que praticou, viverá. Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? - diz o Senhor Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?" (Ez 18.22,23).
Esperamos que a Igreja atente para as mensagens que o Senhor lhe dá. Nesta ocasião, deverá tomar posição adequada diante de tudo que receber de Sua parte.
Embora esse estudo seja um pouco extenso, ele ajudará muito na compreensão e no dever que a igreja deve ter para pregar a Palavra de Deus quer ouçam ou não.

Igreja de hoje, pregue a Palavra

Este estudo pretende mostrar que existem características peculiares, que identificam os comissionados por Deus para pregar a Sua palavra ao mundo em rebelião. Por outro lado, levará os leitores a compreenderem qual a postura dos que ouviram a chamada e que pretendem assumir a responsabilidade, levando em conta que a tarefa é difícil e traz grandes perigos, embora seja certa a ajuda e amparo de quem nos enviou.

 I - Quem são os comissionados (Ez 2.1-5).

Segundo as Escrituras, todo cristão é comissionado a levar as boas novas aos necessitados, no entanto, nesta lista, não entra o pseudocristão (falso cristão), mas apenas os filhos e servos de Deus que são patriotas do reino celestial.
"Alguém frágil nascido da carne e instruído com ideias humanas". "Esta voz me disse: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo" (v. 1) - O Senhor dirige a sua voz a seres humanos frágeis, destituídos de qualquer virtude e totalmente indignos. Usa o termo: "filho do homem para preservar o mensageiro contra o orgulho que o levaria a falar de si mesmo e não da vontade Deus" (B. Shedd). Os comissionados são apenas "uma voz que clama no deserto". Portanto, "irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento" (1Co 1.26). Para manifestar a Sua excelente glória "... escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes (...) escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus" (1Co 1.27-29).
"Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava" (v.2) -  É bem conhecida a frase: "Deus não chama capacitados, mas capacita os chamados". Podemos notar nesse versículo que, apesar da voz divina ter ordenado para que Ezequiel ficasse em pé, essa façanha só foi possível quando entrou nele o Espírito. Da mesma forma, foi ordenado aos crentes "... permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49) e "... sereis minhas testemunhas" (At 1.8b). Sem o poder do Espírito Santo, somos como um machado caído na água (2Rs 6.5), totalmente inútil para a tarefa que tem para desempenhar.
"Ele me disse: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se insurgiram contra mim..." (v.3) - O Senhor se apraz em realizar coisas grandes por meio de seres pequenos. A responsabilidade dos servos de Deus é enorme, visto que precisam falar de paz aos que estão em guerra (Sl 120.7), falar de amor aos que odeiam sem causa (Sl 38.19), anunciar boas novas de salvação aos que merecem unicamente a condenação (Mt 23.33). O exemplo de Estevão deixa claro que não fomos chamados para brincar de evangélicos (At 7.60), pelo contrário: "... Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos" (Lc 10.3).
"Os filhos são de duro semblante e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus" (v.4) - Somos "diplomatas" de Deus, enviados sob Sua autoridade para saquear almas do poder das trevas. Como o Pai enviou Seu Filho (Jo 6.38) e lhe deu autoridade (Mt 28.18), assim, também, fez Jesus a nós (Mt 10.1). O poder e a mensagem não são nossos, mas daquele que nos enviou. Somos constituídos pelo Senhor para arrancar, derribar, destruir, arruinar, edificar e plantar (Jr 1.10) em Seu nome e, se nos afrontarem, terão que lidar diretamente com aquele que nos enviou, exatamente como aconteceu com os filhos de Amom, que afrontaram os enviados do rei Davi (2Sm 10.1-7).
A autoridade dos servos de Deus está em falar somente as Palavras do Seu Senhor. Se falarmos em nosso próprio nome, ou sem ser enviados, ficaremos envergonhados (At 19.13-16). Devemos atentar para o belo exemplo de Paulo: "... quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria (...) a minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1Co 2.1; 4) ou do apóstolo que, ao ser interrogado sobre a procedência da sua autoridade, não titubeou: "... Com que poder ou em nome de quem fizestes isto? Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: (...) em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que este está curado perante vós" (At 4.7,8; 10).

II - Qual a postura dos comissionados? (Ezequiel 2.6-10; 3.1-3)

Ser comissionado por Deus não significa estar isentos de problemas, de perseguições e até mesmo perigo de morte. Por tudo isso passou Jesus, Paulo e os demais apóstolos. A história da Igreja prova que o mesmo aconteceu com muitos servos fiéis. E agora? Sabendo disso, qual deve ser a nossa postura?
Devemos ser firmes (lembra da palavra inabalável?) diante das opiniões resistentes, "Eles, quer ouçam quer deixem de ouvir, porque são casa rebelde..." (v. 5). Vivemos em uma sociedade que fazem pouco caso da nossa pregação e, quando a confrontamos com a Palavra de Deus, nos ameaçam com suas opiniões e leis. Infelizmente, com medo, muitos acabam recuando e até mesmo fazendo-se simpáticos com aquilo que apregoam, mesmo sabendo que contraria as Escrituras Sagradas. Mas, o Senhor já nos advertiu: Fale! Grite! "Tocai a trombeta em Sião e dai voz de rebate no meu santo monte; perturbem-se todos os moradores da terra, porque o Dia do Senhor vem, já está próximo" (Jl 2.1). Pregue a Palavra: "... quer ouçam quer deixem de ouvir".
Quando Deus estava para levar Moisés, esse por sua vez, chamou Josué e o instruiu e o orientou a seguir a Palavra de Deus. Josué se viu com uma grande responsabilidade. No entanto, Deus o chama é diz: "Moisés, meu servo, é morto; levanta-te pois agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel" (Js 1.2). "Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares." (Js 1.9). Então? Diante desse acontecimento, Deus o encoraja a estar firme e inabalável e Josué passou a preparar o povo a passar pelo rio Jordão com ânimo sabendo ele que Deus não o deixaria e nem o desampararia.
A igreja deve ter coragem diante das reações violentas que por ventura poderão surgir. Vejam o que diz o versículo 6 de Ezequiel 2: "Tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras, ainda que haja sarças e espinhos para contigo, e tu habites com escorpiões; não temas as suas palavras, em te assustes com o rosto deles, porque são casa rebelde". O evangelho anuncia boas novas de paz, mas o mundo jaz no maligno, portanto, devemos estar preparados para as agruras, pois "no mundo tereis aflições" (Jo 16.33). Esta falsa paz que contemplamos em nosso país brasileiro é resultado de um cristianismo acomodado com o sistema, todavia, quando reagirmos, assumindo a posição de verdadeiros atalaias, esse gigante se levantará como "sarça, espinho e escorpião". O exemplo de Paulo é o suficiente para entendermos a nossa missão: "em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigo entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos" (2 Co 11.26). Note a repetição da palavra "perigo".
A igreja deve persistir em falar somente a Palavra de Deus, quer ouçam ou não, porque estamos vivendo em uma época que muitos pregadores e mestres interesseiros abriram mão de pregar a sua mensagem para fazer uso de ferramentas, tais como: psicologia, psicanálise, oratória, ilusionismo etc. Desta maneira, fica fácil encher templos suntuosos. "Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes" (v. 7). O enviado de Deus não perde sua origem como "filho do homem" por estar pregando a Palavra. Ele não se considera Deus (At 12.21-23) e nem tão pouco, o considera seu semelhante (Sl 50.21). Ele fala somente as palavra que Deus quer que fale (Mt 28.20), "... quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes".
Ao serem chamados por Deus, os comissionados devem ter postura e dispostos a serem obedientes para saberem o momento exato de contrapor a rebeldia dos infiéis. " Tu, ó filho do homem, ouve o que eu te digo, não te insurjas como a casa rebelde; abre a boca e como o que eu te dou" (v. 8). O servo de Deus precisa ser diferente daqueles que servem vários deuses - pagãos politeístas. Se ele recusa-se a pregar contra o comportamento da sociedade, que vive de maneira incoerente com a vontade divina revelada nas Escrituras Sagradas, estará pecando por omissão e se tornando, também, um rebelde. Precisamos contrapor a rebeldia dos incrédulos para não nos tornarmos como um deles. A maneira de combater a rebeldia é se submetendo.
Ao submeter-se à palavra divina, o comissionado tem a sua vida revelada não só no íntimo, mas também, em seus pensamentos e em suas emoções, esse, pode considerar-se servo do Altíssimo. Quando o comissionado sente-se bem com Deus, sente-se consigo também e poderá servir o próximo de maneira adequada. Ezequiel teve de comer o livro contendo a Palavra de Deus, de maneira que encheu as suas entranhas (Ez 3.1-3). É assim que o filho de Deus deve fazer, ruminar a palavra de dia e de noite, para ser bem sucedido (Sl 1.1-3). Será por que não temos muitos bons pregadores instrutores da Palavra de Deus? Não seria por causa do "ventre" vazio? Lemos a palavra, mas não a comemos e muito menos a praticamos. Eis as recomendações de Paulo: "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo" (Cl 3.16a) e; "pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo" (2 Tm 4.2).

Conclusão

Devemos atentar para o chamado de Deus, pois Ele quer a nossa atenção para que possa realizar a Sua obra, expandindo o Seu Reino celestial. A nossa capacidade vem do Espírito Santo e a nossa poderosa ferramenta de trabalho são as Escrituras Sagradas. Pregar a Palavra pura e verdadeira significa contrapor a rebeldia dos que resistem a Deus, porque essa é a missão que o Senhor nos comissionou: "Ide por todo mundo e pregai o evangelho" (Mc 16.15).

Bibliografia

- Bíblia Sagrada, versão Revista e Corrigida na grafia simplificada, da tradução de João Ferreira de Almeida - Co-edição (JUERP) Imprensa Bíblica Brasileira - 4ª edição 2011;
- Revista Crescimento Bíblico para Jovens e Adultos nº 74, ano 18 (EBD);
- Dicionário Ilustrado da Bíblia de Ronald F. Youngblood e F. F. Bruce e R. K. Harrison - Ed. Vida Nova; e
- Dicionário da Língua Portuguesa, Silveira Bueno - Ed. FTD.

 


20 setembro 2014

- Pai, pequei contra o céu e perante ti" (Lucas 15.18).

Consequências de uma vida sem Deus

O que nos leva ao distanciamento de Deus

Introdução

Dentre as parábolas contadas pelo Senhor Jesus, a do filho pródigo, talvez, seja a que melhor descreve a situação daquele que se distancia de Deus. Em contrapartida, nos esclarece a respeito do grande amor do Pai, que espera de braços abertos aquele que se arrepende (Lc 15.20; Mt 11.28-30).

Neste estudo mostraremos os motivos que levam muitos ao distanciamento do Senhor, bem como as consequências resultantes dessa atitude. Por outro lado, veremos que sempre há a possibilidade de regresso à casa do Pai, de forma a experimentar a restauração que Ele opera em nós pelo seu grande amor.

Examinando o tema desse estudo, podemos entender o que levou o filho pródigo a deixar a casa de seu pai:

1. Imaturidade

O versículo 12 de Lucas 15 diz o seguinte:

"E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda."
Quem saiu de casa foi o mais jovem. Nesse caso específico, parece que a falta de experiência o levou a pensar nos prazeres fáceis, sem se dar conta do que poderia sofrer.

A imaturidade tem levado muitos ao fracasso nas mais diversas áreas: conjugal; financeira; social; e ministerial, etc. Os prazeres mundanos: prostituição; drogas; orgias, alucinam e atraem com facilidade os imaturos. Sem contar que estes são facilmente engodados por doutrinas antibíblicas que cada vez mais os afastam de Deus (Ef 4.14).

2. Premeditação

Versículo 13:
"E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente."
O moço já havia maquinado a respeito da sua saída, insistindo em seguir os desejos da sua carne. O sábio Salomão disse: As águas roubadas são doces, e o pão comido às ocultas é suave" (Pv 9.17). O pecado é, aparentemente, agradável, mas o seu salário é a morte (Gn 3.6; Rm 6.23). Deus abomina o "coração que maquina pensamentos viciosos, e pés que se apressam a correr para o mal" (Pv 6.18). Há alguns que pecaram por deslize; outros, simplesmente premeditaram; tiveram tempo para refletir e se arrepender, mas não o fizeram. É o exemplo de Davi, que cometeu adultério e, por consequência, matou Urias (2Sm 11.1-24).

3. Independência

"...ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua..." (v. 13) - Alguns cristãos abandonaram as suas congregações em busca de um evangelho fácil, de uma vida "cristã" isenta de renúncia. São crentes infrutíferos, inimigos da verdade, seguidores de fábulas (2Tm 4.4). Quase sempre é o desejo ardente por esta falsa liberdade que motiva filhos a saírem da casa de seus pais, para gozarem a libertinagem, e é por essa razão, também, que muitos saíram da presença de Deus.

4. Insensatez

Versículo 17:
"E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!".
Esta expressão mostra o quanto aquele jovem estava fora da realidade, uma vez que, estando totalmente fora de si foi capaz de tomar decisões tão descabidas quanto as que tomou.

A Palavra de Deus revela que uma vida pecaminosa está relacionada à falta de juízo, ou seja, quem anda errado, está fora de si (Sl 53.1; Mc 5.15). Ao homem que julgou estar seguro por toda a vida, em virtude de ter grãos em abundância, Deus disse: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será?" (Lc 12.20).


Consequências do distanciamento de Deus

Distante do pai e sem os seus conselhos, o filho pródigo se viu agora mal vestido e faminto, desejando comer aquilo que era oferecido aos porcos. Muitos cristãos, distanciados de Deus, estão sofrendo estas amargas consequências, vejamos:

1. Perda de valores

O versículo 14 de Lucas 15, diz assim:

"E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades".
O incauto veio a padecer necessidades de tudo que abundava na casa do pai. Isso indica que houve perda nos seguintes sentidos:

- Valores materiais:

Até os empregados da casa de seu pai gozavam de maiores privilégios. A pobreza não é consequência de pecado, mas um estado miserável que pode indicar distanciamento de Deus, onde os bens não são duradouros;

- Valores psicológicos:

O filho passou a demonstrar um estado de morbidez, sofrendo com o rebaixamento da auto-estima. Este é o estado daquele que se distancia de Deus "...havendo perdido todo o sentimento, se entregaram..." (Ef 4.19), passando a ter uma disposição mental reprovável, ou sentimento perverso (cf. 1.28);

- Valores espirituais:

Houve perda de comunhão com o pai. Quem procura o caminho dos prazeres desvinculados de Deus, enterra os talentos, apaga-se a luz do evangelho, perde o sabor do sal, a alegria e, por fim, a vida eterna.

A atitude do filho de sair de casa nunca foi da vontade do Pai, mas mesmo assim, Ele está sempre de braços abertos para recebê-lo.

Solução para o distanciamento de Deus

Diante do exposto acima, o que o jovem, ao recobrar a lucidez, foi capaz de fazer:

1. Reconheceu seu estado miserável

Saul, embora não tenha se arrependido de verdade, pôde declarar: "Eis que procedi loucamente e errei grandissimamente" (1Sm 26.21). O filho pródigo passou a enxergar com clareza quando recobrou a sobriedade. O homem só pode entender o seu estado miserável quando é despertado pelo poder da Palavra de Deus: "Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá" (Ef 5.14).

2. Tomou disposição para recomeçar

Essa foi a atitude mais nobre do jovem: mostrou prudência, inteligência, lucidez e buscou nova oportunidade para recomeçar. A atitude de "levantar" ilustra a diligência espiritual (Rm 13.11,12). Esta deve ser a atitude daqueles que, um dia, iludidos pelo prazer do pecado, deixaram a presença do Pai (Hb 11.25). Se você, por meio deste estudo, ouviu a voz do Espírito Santo, não endureça o seu coração (Hb 3.7,8). Tome esta decisão: "Levantar-me-ei, e irei ter com meu Pai..." (v. 17a).

3. Apropriou-se do amor perdoador do Pai

"Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés" (v. 22). Isso nos fala das vestes espirituais e aponta pra a justiça de Deus em Cris Jesus (Sl 132.9; Rm 5.1). O anel na mão fala de autoridade e as sandálias nos pés, de filiação, pois os escravos não usavam calçados. É uma característica do amor de Deus atrair para si homens de todos os povos e nações para o reino do seu amor (Jr 31.3), perdoando-lhes as suas ofensas por meio do sangue de Cristo derramado na cruz.

Desta forma, concluímos este estudo que nos desafia a uma tomada de decisão. É provável que todos nós tenhamos alguma área a ser tratada em nossas vidas. Afastar-se de Deus é cair na mediocridade e sofrer perdas de valores irreparáveis, muitas vezes.

Deus é longânimo e amoroso, por isso devemos nos voltar para Ele, enquanto há tempo (Is 55.6). Tomemos, agora, a decisão de regressar à casa do pai, a fim de sermos tratados por Ele, uma vez que só Nele há copiosa redenção.

29 agosto 2014

- "Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo" (Lucas 14.25-35)

O investimento do cristão

Introdução

Ao contrário do que muitos pensam, a vida tem um preço a ser pago. Embora a salvação seja gratuita, não se pode consegui-la, e muito menos levá-la a termo, se não for com muito esforço (Lc 16.16 "A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele."). No texto que vamos estudar, esta verdade é destacada. Podemos ver que se trata de um investimento de valor calculado, cujos meios foram previamente avaliados.

Condições para o Reino de Deus

Nos versículos 28 a 32, Jesus Cristo esclareceu este fato diante de uma grande multidão, comparando a vida cristã com a edificação de uma torre e com os preparativos visando a uma guerra. Com isso Ele quis mostrar, que antes de aceitarmos as condições de ingresso no Reino de Deus, precisamos fazer uma introspecção para saber se vamos levar adiante o novo empreendimento ou não.

Em primeiro lugar, ninguém é forçado a ser cristão, pois Jesus diz: "qual de vós, querendo..." (Lc 14.28). É um ato deliberado da vontade do homem receber, ou não, a condição de ser cristão: "quem quiser tome de graça da água da vida" (Ap 22.17). No entanto, todo aquele que tomar a decisão de "edificar" sua vida em Cristo, deverá se assentar "primeiro a fazer as contas dos gastos,para ver se tem com que acabar".

Muitas pessoas, decidiram seguir a Cristo, mas, para vergonha delas, desistiram no meio do caminho. Puseram o alicerce, mas não puderam concluir o empreendimento. Hoje, afastadas, servem de escárnio e vergonha (Lc 14 29,30; Mt 5.13).

Quando um cristão investe no Reino de Deus como soldado, não corre risco desnecessários (Lc 14.31,32). Porque, primeiro, para lutar em uma guerra, precisa estar preparado com treinamento e armas adequadas. É necessário, também, conhecer a força do inimigo que vem contra nós. Entrar numa guerra despreparado é partir para a derrota. Desta forma, Jesus Cristo ilustrou dizendo: "Ou qual é o rei que , indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?" (Lc 14.31). O cristão não pode correr o risco de entrar na guerra espiritual sem o devido preparo e perder a batalha. Satanás é cruel e não poupará os perdedores (Lc 11.24-26). Contudo, "as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas" (1Co 10.4).

Em certa ocasião, algumas pessoas eufóricas ofereceram-se para seguir a Cristo, talvez sem avaliar os meios, as condições ou os riscos. O Senhor os confrontou mostrando que quem aceita as condições do Reino, não deve esperar por uma vida de conforto nesta terra (Lc 9.57,58); quem se propõe a segui-lo, não é dono do próprio tempo (Lc 9.59,60) e, para ser um discípulo de Jesus, exige-se disciplina e concentração naquilo que se propõe a fazer (Lc 9.61,62). No texto (Lc 14.25-35), tema da postagem, extraímos três condições para quem quer gozar a vida cristã:

1ª Condição:

- Disposição para sofrer perdas

"Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo" (Lc 14.26). De acordo com o contexto, a palavra aborrecer traz o sentido de "desgostar", ou seja, perder o interesse. Paulo aplica a mesma ideia de ensinar a igreja de Corinto: "...como nada tendo e possuindo tudo" (2Co 6.10b). Isso equivale a dizer que podemos possuir tudo, mas não podemos ser possuídos por nada. Em relação aos familiares, quer dizer que devemos nos desprender deles, se for o caso, para colocar o Reino de Deus em primeiro lugar. Abraão teve de fazer isso para atender ao chamado divino (Gn 12.1).

2ª Condição:

- Disposição para morrer para o mundo e para si mesmo

"E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo" (Lc 14.27). A cruz fala de morte. Jesus morreu nela e nos convida solenemente a tomar a nossa. A cruz, neste caso, não significa um instrumento de madeira, muito menos minha esposa, meus filhos ou minha sogra. Representa a morte do meu "ego". O apóstolo Paulo explica bem esta doutrina em Romanos 6.6: "sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, afim de que não sirvamos mais ao pecado". Esta verdade torna-se realidade em nosso viver diário, quando renciamos a tudo o que somos e o que temos (Lc 14.33).

3ª Condição:

- Disposição para manter a qualidade na vida cristã

"Bom é o sal, mas, se ele degenerar, com que se adubará? Nem presta para a terra, nem para o monturo (lixo); lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça" (Lc 14.34,35). Um efeito da mentalidade das igrejas hoje é o que tem sido chamado de "a síndrome da porta de vai e vem". As igrejas estão repletas de pessoas buscando sentido para a vida, alívio para suas ansiedades e preocupações. Assim, elas as escolhem como faz com refrigerantes. Tão logo a igreja que frequentam deixa de satisfazer às suas necessidades, elas saem pela porta tão facilmente quanto entraram. Buscam conforto e se esquecem de que precisam de uma igreja que as façam crescer em Cristo e no amor para com os outros (2Pe 1.5-8; 3.18).

Conclusão

Ser um cristão depreende condições a serem cumpridas. Abraçar estas condições da vida cristã significa calcular o valor a ser pago e avaliar se os meios são perfeitamente viáveis.

Não podemos começar este empreendimento sem os devidos preparos. Portanto, é por meio da renúncia e da morte do nosso egoísmo que conseguiremos levar a termo este edifício para a glória de Deus.




24 julho 2014

- Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito (Lucas 12.42-48)

Extraído do Google.com

A Fidelidade do Cristão

A fidelidade é medida por um conjunto de práticas e por uma entrega incondicional da sua vida ao Senhor.

O cristão fiel é, em primeiro lugar, um servo que se mantém firme; em segundo, sabe que, apesar de servo sem direito a qualquer reivindicação, o Senhor, pela sua grande misericórdia o recompensará. Basta estar na posição de servo.

Estar posicionado é não deixar seu posto de atuação, nem relaxar com relação aos deveres previamente estabelecidos. O texto diz: "... a quem o senhor pôs..." (versículo 42 de Lucas 12). Então o servo fiel é aquele que exerce a sua mordomia com prudência.

A expressão "mordomia" diz respeito ao cuidado responsável que devemos ter pelos recursos do Reino, e é desta forma que age o cristão fiel. Ele faz a vontade de Deus de maneira sensata e criteriosa, pois sabe que nada daquilo que está administrando vem de si mesmo (Tg 1.17). Antes de entregar tarefas aos seus servos, o Senhor os adverte da condição de que eles estão lidando com um Deus Santo (Ex 3.5; Js 5.15). Portanto, "maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente!" (Jr 48.10a).

O cristão feliz é aquele que sabe de suas obrigações. Sabe que, quando o Senhor voltar, for achado servindo de acordo com os critérios estabelecidos na Palavra. Infelizmente muitos estão criando seus próprios critérios. O servo de Deus precisa saber qual o seu dever e a função que o Senhor lhe confiou, para que possa exercê-la com dedicação (Rm 12.8). A felicidade do cristão está em conhecer a sua obrigação e cumpri-la.

O cristão fiel além de se manter na posição de servo, sabe agir com grandes responsabilidades. Nadabe e Abiú morreram porque levaram fogo estranho perante o Senhor (Nm 26.61). Quanto a isso, a Bíblia nos faz séria advertência: "Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis" (versículos 45 e 46 de Lucas 12). O cristão fiel é responsável nas suas atribuições, pois sabe que, mesmo na ausência de seus líderes, ele está em todo tempo na presença do Seu Deus.

O cristão fiel, também sabe permanecer em constante vigilância, pois "Virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á..." (v. 46a). Vemos um exemplo de descuido na atitude das cinco virgens néscias que tentaram se preparar no último instante e não conseguiram entrar nas bodas do Cordeiro (Mt 25.10-13). Muitos cristãos deixaram as obrigações concernentes ao Reino de Deus em troca do prêmio deste mundo. Talvez estejam planejando fazer a obra do Senhor depois que conseguirem levar a termo todas as suas conquistas. Todavia, o momento do arrebatamento pegará de surpresa o crente descuidado, e a sua sentença certamente será: "... e lhe dará a sua parte com os infiéis" (v. 46b).

Nós cristãos, devemos esperar nossa recompensa como servo, por que a Bíblia diz que "tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7), por isso, uma recompensa, de acordo com o texto que estamos estudando, pode ser boa ou má. Se alguém semeou na carne, irá colher corrupção; se, no espírito, colherá vida eterna (Gl 6.8). Tanto o cristão fiel como o infiel receberá a sua justa recompensa. Assim, o cristão fiel deve sempre esperar com expectativa o valor do seu galardão. Assim diz a Palavra de Deus: "Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá" (v. 44). Todos nós almejamos este tipo de prêmio: herdar as riquezas celestiais. Mas Jesus disse que para isso é preciso renunciar às terrenas (Mt 19.21; Lc 14.33, Hb 11.24-26). Somente aqueles que forem fiéis na obra do Senhor poderão contar com este tipo de recompensa. (Mt 25.21).

O que acontece com o cristão infiel?

Conscientemente, ele sabe o castigo decorrente da sua desobediência. "E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites" (v. 47). Quem sabe o que se deve fazer e não faz, ou faz o que não se deve, está cometendo o pecado da desobediência. Por todos os meios, a vontade do Senhor é divulgada: na Escola Bíblica Dominical, nos cultos, nas reuniões de oração, e ainda deve-se levar em conta que todos os cristãos possuem uma Bíblia em casa. Se não fazem é porque são desobedientes, e o castigo para estes é a condenação eterna (Sl 9.17).

Ele também é castigado decorrente de sua omissão. "Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado..." (v. 48a). Essa é outra maneira de pecar contra o Senhor. Podemos denominá-lo de pecado da OMISSÃO. Nenhum cristão pode dizer que não conhece a vontade de Deus para a sua vida, uma vez que ela está explícita nas Escrituras. É óbvio que se o crente não se interessa em ler a Bíblia, não tem o costume de frequentar a Escola Bíblica Dominical e foge dos cultos doutrinários, vai, sem dúvida alguma, ficar alienado com relação à vontade de Deus para si; mas nem por isso deixará de ser culpado diante Dele.

O cristão infiel também é consciente das condições impostas naquilo que abraçou. "... E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá" (v. 48b). Quando oramos pedindo dons e talentos a Deus, nem imaginamos que estamos pedindo mais responsabilidades. Obviamente, isto não deve nos desanimar na busca por sermos cada vez mais usados por Deus. Mas estejamos convictos de que quanto maior for a capacidade, maior será a cobrança pelos resultados (Mt 25.16-18).

Se o Senhor nunca falou nada ao nosso coração e se nunca recebemos nenhuma incumbência do Espírito Santo para fazer a obra, então estamos isentos de qualquer responsabilidade; no entanto, toda atribuição que recebemos de Deus será requerida.

Concluímos mais um estudo onde a vida cristã exige compromisso e fidelidade para com aquele que nos chamou para sermos de Jesus Cristo (Rm 1.6). Esta fidelidade deve ser abrangente e completa. Não significa cumprir alguns requisitos como se estivéssemos comprando a benevolência do Senhor, pois e´,  na verdade, o cumprimento com as obrigações inerentes ao Reino de Deus.

Somos chamados para exercer a mordomia cristã com responsabilidade, prudência e perseverança. Que possamos exercê-la com fidelidade diante de Deus.

23 julho 2014

- E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes,... (Lc 6.46-49)

INTRODUÇÃO

O Alicerce do Cristão
o cristão está incumbido de trabalhar na edificação da sua própria vida. O Senhor já estabeleceu o fundamento para que cada um construa ali a sua casa: "mas veja como cada um edifica sobre ele" (1 Co 3.10).

O construtor insensato é assim chamado porque não se cerca das devidas precauções, calcula mal e perde a noção da realidade à ruína. Assim também, aqueles que perderam o bom senso não poderão resistir aos dias maus (Ef 6.13). Eles são comparados a um homem insensato, pelos seguintes motivos:

I - UMA VIDA DESESTRUTURADA

1. Rejeita as palavras de Cristo

Deixar de ouvir a Palavra de Deus é o primeiro erro; ouvir e não praticá-la é o erro final. Muitos estão pregando que não se deve roubar e roubam; que não se deve adulterar e adulteram; que se devem buscar as coisas do alto, mas não buscam, porque são materialistas (Rm 2.21, 22). Não podemos proclamar um evangelho que não vivemos. Os que ignoram a Palavra de Deus, que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119.105), não podem ter, de forma alguma, uma vida espiritual estruturada.

2. Constrói um fundamento inadequado

Construir sobre a areia é mais fácil, mais barato e exige menos esforço físico que cavar os alicerces numa rocha; e é por isso que o homem insensato optou por este tipo de edificação. Para alguns cristãos, este tipo de fundamento é o ideal, pois dispensa transformação, oração, contribuição, serviço e renúncia. O construtor insensato edifica sobre a areia porque a sua vida é baseada em outro evangelho (Gl 1.8), que é o evangelho da felicidade descompromissada com Deus e com a sua Palavra. Ninguém pode colocar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Cristo (1Co 3.11).

II - UMA VIDA SOLIDIFICADA

Em um projeto devem estar inclusos: as condições do terreno, o tamanho da casa a ser construída, a boa qualidade do material a ser usado, as condições do tempo etc. O Senhor Jesus, fazendo a aplicação desta parábola, diz que no reino dos céus, o homem que edifica de acordo com as normas estabelecidas pelo sábio Arquiteto É prudente. Vejamos como isso é possível:

1. Ouve a palavra de Cristo

É importante notar que o insensato também ouve (cf. v. 49), contudo não pratica o que ouve, vivendo apenas na teoria. No entanto, estas normas são aplicáveis a todos "Todo aquele..." (Mt 7.24). É de suma importância ouvir as palavras de Cristo como fundamento para a verdadeira edificação. Por isso, "bem-aventurado... os que ouvem as palavras... e guardam" (Ap 1.3). Paulo profetizou que, nos últimos tempos, muitos teriam comichões nos ouvidos e se irritariam ao ouvir as palavra de Cristo (Tm 4.3,4). Existem cristãos que não apreciam a Escola Dominical e os cultos de doutrina; no entanto, quem quiser edificar a sua casa de forma adequada e duradoura, terá que ouvir as palavras de Cristo: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça" (Mt 11.15).

2. Pratica as palavras de Cristo

Na concepção de Tiago, aquele que atenta bem para a palavra de Deus é um bem-aventurado (Tg 1.22-25). A ideia é a mesma usada por Jesus que substituiu o verbo "praticar" pelo verbo "edificar". Segundo Jesus , o cristão só se tornará forte e bem estruturado se praticar a sua Palavra: "A palavra de Cristo habite em vos abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros... (Cl 3.16a). Só assim poderemos crescer até atingir a estatura de varão perfeito (Ef 4.13).

3. Uma vida edificada sobre a rocha

Construir sobre fundamente sólido é edificar sobre a Palavra de Cristo (1Co 10.4). Trata-se das nossas vidas e de todas as nossas atividades totalmente inserida Nele. "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus..." (Gl 2.20a). Uma casa, para se firme e poder resistir à ação devastadora do tempo, precisa estar fundamentada sobre a rocha. Do contrário, não resistirá às provações que certamente se abaterão sobre todas as edificações.

III - A VIDA APROVADA

Todos conhecem a história dos três porquinhos? Um construiu a sua casa com palhas, o outro usou madeiras, mas o terceiro usou tijolos. No teste final, somente a casa de tijolos ficou de pé. Não é por acaso que o terceiro porquinho chamava-se Prático. Assim como na história dos porquinhos, todas as edificações serão submetidas ao teste final; contudo, nem todas serão aprovadas. Como assim?

1. Será uma ação devastadora:
  • Do tempo - Muitos não poderão suportar por longo tempo, e aí as suas verdadeiras obras serão reveladas e seus segredos serão expostos (Mc 4.22);
  • Das provações - Para os que receberam a palavra e se entusiasmaram, sem que, contudo, tivessem raízes alicerces, e acabaram desmoronando (Mc 4.16, 17);
  • Das tentações - Muitos crentes, depois de anos servindo na obra, caíram em fracasso e se desmoronaram. Eram casas construídas sobre a areia;
  • Do julgamento - "Portanto, nada julgues antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor" (1Co 4.5);
  • Da eternidade - A eternidade revelará que tipo de material usamos na edificação. Se verdadeiro e resistente ou se falso e carregado de vaidade (1Co 3.l3).
2. Muitas edificações ficarão em ruínas

O Senhor Jesus concluiu esta parábola dizendo que, diante do teste final, a casa construída sobre a areia caiu, e completou: ... e foi grande a ruína daquela casa" (v. 49). Uma vida alicerçada no amor ao dinheiro, na cultura secular, na aparência exterior e no sucesso não resistirá à ação demolidora do juízo final (Ap 20.11-15). Como bem disse o salmista Davi: "Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá" (Sl 1.5,6).

3. Muitas edificações permanecerão inabaláveis

A resistência não está nas paredes da casa edificada, e sim no alicerce. O crente que ouve a Palavra de Deus e a pratica está construindo a sua vida sobre a Rocha que é Cristo, e nesta Rocha ele está seguro (Sl 125.1). É importante frisar que uma vida inabalável não pressupõe imunidade à doença, desemprego, sofrimento ou morte. Todos nós estamos sujeitos a estas intempéries. Se vivermos em obediência ao que as Escrituras nos ensina, temos a convicção de que nada poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.39).

CONCLUSÃO

Vimos os dois tipos de alicerces: um construído na areia e o outro sobre a rocha. Jesus Cristo, ao usar estas figuras, referia-se à vida cristã que deve ser muito bem alicerçada para que não venha a ruir. As Palavras de Cristo ressoam por toda a parte, quem tem ouvidos, ouçam-nas. Ainda há tempo de recomeçar; ainda há possibilidade de reconstruir. Abandone agora todo material de construção obsoleto, que não tem lhe permitido edificar sua vida espiritual sobre um fundamento seguro, e comece a viver pautado nas palavras de Cristo.

Reflexão:

"A Rocha significa a Palavra de Cristo que revela a vontade do Pai que está nos céus. O viver diário do crente deve ser pautado na Palavra de Cristo para realização dos planos de Deus. Isto é entrar pela porta estreita e andar pelo caminho apertado que conduz à vida. A chuva que cai dos céus, as torrentes que vem da terra, os ventos que sopram nos ares, referem-se à ação de Deus, dos homens e de Satanás, respectivamente, colocando à prova o viver e a obra do cristão.". (Comentário Bíblico Restauração)


09 junho 2014

- As atitudes do cristão

Dai, e ser-vos-á dado - Lucas 6.37-45

"Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.
Propôs-lhes também uma parábola: Pode, porventura, um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?
O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for beminstruído será como o seu mestre.
Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?
Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.".

     As atitudes dos cristãos estão evidenciadas, em grande parte, nas parábola de Jesus Cristo; e nesta passagem não é diferente. Ao fim desse estudo, perceberemos que esta parábola não trata apenas do julgamento alheio, mas de ações que envolvem a generosidade e o amor para que seja alcançada a perfeição diante do Senhor e, através dos frutos, mostrarem como devem ser as atitudes do verdadeiro cristão.

AS ATITUDES DOS CRISTÃOS DEVEM SER COM AMOR

     Jesus Cristo enfatiza a questão do julgamento, porém surgem duas concepções diferentes a respeito  deste assunto: para alguns, o verdadeiro cristão não pode julgar; para outros, o julgamento já se tornou um hábito constante em suas vidas. Mas, afinal, o crente pode ou não julgar? Para uma atitude verdadeiramente cristã, é necessário analisar essa questão com generosidade e amor.
     No versículo 37, Jesus sempre vivia rodeado de pessoas consideradas a escória do mundo, mas nunca as tratou com indiferença. Àqueles que estavam errados por não conhecerem a verdade, Ele os enxergava com seu olhar de amor, ensinando-lhes o caminho da salvação (Mt. 9.10-13).
     Bem distantes do exemplo de Cristo, muitos cristãos perdem a oportunidade de angariar almas para o reino, por causa do seu julgamento preconceituoso acerca das pessoas, trazendo com isso irritação e desrespeito ao Evangelho de Cristo. A Palavra nos diz em João 8.32: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Por isso, o amor deve ser sempre o bálsamo que limpa a nossa visão do preconceito e nos leva a pronunciar a verdade, trazendo libertação e não um julgamento indiferente.
     "... Pode, porventura, um cego guiar outro cego?" (Lc 6.39b). Devemos evitar injustiça no julgamento. É impossível cumprir alguns mandamentos sem avaliar as pessoas. Os apóstolos, por exemplo, julgavam e nos instruem a fazer o mesmo, traçando um perfil de todos aqueles a quem devemos nos afastar para proteger a Igreja das  falsas doutrinas e outros tipos de contaminação (1Co 5.11-13; 2Jo 1.7-11; Jd 1-4, 12-24). No que se concerne a indicação de alguém a um cargo, nós também devemos julgar o caráter do candidato, restritamente à luz das exigências bíblicas, a fim de fortalecer a Igreja com uma liderança que honre o seu cargo (Tt 1; 1Tm 3).
     Estes julgamentos, como observamos, devem ter alvos específicos e estar envoltos pelo forte laço do amor par que não se cometa injustiças e não se lance fora dos braços de Cristo pessoas que estão em dificuldades e que precisam, como amor, serem restauradas à presença do Salvador. E, ao final, é sempre bom lembrar que "com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo" (Lc 6.38c).

OS CRISTÃOS DEVEM VISAR A PERFEIÇÃO DE CRISTO

      No versículo 40, Jesus falava a pessoas que se julgavam perfeitas, no entanto, estavam mergulhadas na hipocrisia. Embora fossem dizimistas, negligenciavam o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé (Mt 23.23) O Evangelho de Cristo, contudo, nos constrange a atitudes mais nobres.
     Como cristão devemos enxergar nossos próprios defeitos e muitas vezes, o homem não consegue olhar o espelho da sua alma, pois o seu reflexo fere de maneira contumaz os princípios cristãos. Contudo, ergue-se em sua arrogância, sentindo-se capaz de apontar os defeitos alheios e ainda corrigi-los. Para estes, é preciso lembrar as palavras contidas em João 8.7: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela".
     Para tentar alcançar a perfeição do Mestre é necessária uma análise diária, enxergando os próprios erros e defeitos, e com arrependimento retirar as "traves" que impedem uma vida correta diante de Deus e também dos homens; "... e, então, verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão" (Lc 6.42). 
     O cristão deve ajudar nas dificuldades alheias para alcançar a perfeição diante de Cristo sem ter os olhos voltados para os que estão à nossa volta, ajudando-os a se colocarem de pé. Como nos diz Ernest Blevins" "O melhor exercício para fortalecer o coração é abaixar-se e levantar os que estão caídos".
     A Palavra dos diz que Jesus não foi enviado para condenar o mundo mas para salvá-lo (Jo 3.17). Em Mateus 12.20 vemos que Jesus "Não esmagará o galho quebrado, nem apagará a luz que já está fraca" (Bíblia Linguagem de Hoje). Até o último instante, Ele cuidará dos feridos para que sejam restaurados. O cristão, também, precisa sentir a real dificuldade daquele que está ao seu lado precisando de ajuda para erguer-se novamente diante de Deus. Isso se chama misericórdia, e tal como agimos com o nosso próximo, assim o Senhor agirá conosco (Mt 18.23-35).

OS CRISTÃOS DEVEM PRODUZIR BONS FRUTOS

     É sempre possível reconhecer a qualidade de um fruto entregue a Cristo, pelas palavras e ações que procedem de um verdadeiro cristão.
     Não há dúvidas de que o ser humano é conhecido por tudo o que diz por meio das palavras, pois são as palavras que nos qualificam como sábios, ignorantes, sensíveis, arrogantes, etc. Mais que um mecanismo da fala, as palavras estão carregadas de pensamentos e sentimentos que provêm do coração (Pv 10.19-21). É por meio delas que colhemos os nossos frutos para Cristo. Por isso  é tão importante que tenhamos cuidado com tudo aquelo que dizemos, pois as palavras formulam o conceito que as pessoas têm a nosso respeito, e também à respeito do Senhor, a quem dizemos servir (Cl 3.8-17). "... porque da abundância do seu coração fala a boca" (Lc 6.45).
     Os frutos decorrentes das nossas ações não serão avaliados por Deus somente quando finalmente os entregarmos a Cristo, mas são analisados constantemente por todos aqueles que nos cercam (Fp 1.9-11). Enganam-se aqueles que desprezam os atos corriqueiros da vida diária, como se não fosse observados. São as nossas pequenas atitudes de justiça, de amor, de colaboração e ajuda ao próximo, contadas como belos frutos, que levam as pessoas a desejarem também servir ao nosso Senhor e a cooperarem conosco no crescimento do Reino Celestial.
     Ser cristão não é uma ideia, mas ação e atitude; por isso devemos ter cuidado com a projeção dessas atitudes, pois elas refletem quem somos, o que pensamos e o que trazemos no mais íntimo do nosso coração. A reflexão diária sobre os nossos erros e defeitos deve sem constante, para que o amor transborde de um coração misericordioso, capaz de entender as dificuldades alheias. Somente assim conseguiremos caminhar em direção ao Mestre, levando conosco vidas que, mesmo em face às mais diferentes dificuldades em manterem-se de pé, são tão preciosas quanto cada um dos que se acham tão "perfeitos".

30 maio 2014

- Critérios no uso dos talentos

Introdução
A comparação do reino dos céus com o conteúdo da parábola dos talentos é evidente: "Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens" (Mt 25.14). Jesus mostrou claramente a responsabilidade dos seus arautos em "negociar" tudo o que Ele os legou na sua partida para o Pai, até o regresso para levar-nos consigo.

Queremos com isso dizer que, nesse estudo iremos abordar os "Critérios" para a distribuição dos talentos, a forma correta de utilizá-los e o tipo de retribuição que todos os servos, sejam eles bons ou maus receberão do Senhor.

Em Mateus 25.14-30, o Senhor não distribuiu os talentos aleatoriamente, mas usou de alguns critérios para que, quando voltasse, tivesse como avaliar de forma justa e coerente o comportamento e o desenvolvimento de cada um deles. O crescimento e expansão do reino dos céus dependem da multiplicação dos talentos. Vejamos os critérios utilizados pelo Senhor:

I - HOUVE CRITÉRIOS NA DISTRIBUIÇÃO DOS TALENTOS

1. O Senhor chamou todos seus servos (Mt 25.14b)
Todos os servos foram convocados a comparecerem diante do senhor; e, no que diz respeito ao Reino de Deus, este foi também o primeiro critério utilizado: Ele chamou a todos. Entendemos que não exista um só cristão que possa se desculpar diante do Rei da glória, visto que a todos foi dada a oportunidade de apresentar algum serviço diante Dele. Você, meu irmão, é importante para Deus. No reino dos céus não existe, no que depende de Deus, servo inútil.

2. O Senhor confiou seus bens a todos (Mt 25.14c)
O segundo critério foi o da confiança. No reino dos céus não há nada de pouco valor, pois são os bens pertencentes ao Senhor. Notamos aqui duas coisas significativas: Primeiro, a confiança que o Senhor depositou em nós, e isso é admirável. O Senhor confiou em nós e espera a devida correspondência; Segunda, nos entregou o melhor, ou seja, seus próprios bens. Ele não dificultou e nem nos deu fardos pesados: "O Senhor dará bens aos que lhe pedirem" (Mt 7.11).

3. O Senhor considera a capacidade de cada um (Mt 25.15b)
Vejamos o que Deus leva em consideração no que diz respeito aos talentos distribuídos:

a) Individualidade - O Senhor tratará com cada um de nós individualmente e não com a multidão como um todo. Não poderemos nos esconder Dele. "E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas" (Hb 4.13);

b) Responsabilidade - Cada um deve desenvolver o dom adquirido e não apenas conservá-lo. Ninguém cantará, pregará ou fará qualquer outra coisa por você. O dom é seu;

c) Identidade - O Senhor nos conhece (Jo 10.14), temos uma identidade. No universo inteiro não existe outro exatamente igual a você, Ele te chama pelo nome (Jo 10.3).

d) Capacidade - Diante de Deus, ninguém pode dizer: "Senhor, não tenho competência". O Senhor não te deu talentos acima da sua capacidade: "Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares" (Js 1.9).

II - CRITÉRIOS NO USO DOS TALENTOS

Quando utilizamos os dons de Deus, estes se multiplicam, pois transformam nossas vidas de tal maneira que ficamos em condições de revelar mais a plenitude que Ele nos oferece. O amor gera mais amor; a fé, mais fé, a obediência à Palavra de Deus produz uma fonte de virtude que vai influenciando nosso ambiente, ou seja, no trabalho, em casa, na escola, com os vizinhos e principalmente na igreja. (2Pd 1.3-8). Portanto:

1. É necessário trabalho e confiança
Éramos escravos e o Senhor nos elevou à posição de mordomos, dando-nos talentos. Por isso, devemos nos empenhar em prol do Seu Reino.

O versículo 16 de Mateus 25 "E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos" mostra que o servo contemplado com cinco talentos "foi imediatamente negociar", revelando a sua imensa devoção ao seu Senhor. Vamos analisar essa frase "FOI IMEDIATAMENTE NEGOCIAR"

a) Ação - "foi". O servo não esperou ser mandado, pois entendeu que o Senhor jamais lhe daria algo tão valioso apenas para ser guardado. O Senhor esperava atitude da parte dele;

b) Urgência - "imediatamente". Tinha consciência de que havia um tempo limitado entre a partida e o regresso do seu Senhor, que voltaria para ajustar as contas;

c) Responsabilidade - "negociar". O servo não gastou o talento, ele o aplicou de forma a obter lucro para o seu Senhor. Não esnobou no uso dos talentos, porque não eram seus;

d) Capacidade - "ganhou outros cinco". Negociar com os talentos não é vendê-los para angariar riquezas para si, como muitos cantores e pregadores têm feito. O bom servo, fiel, conseguiu lucro de cem por cento para o seu Senhor.

2. É necessário deixar a negligência e a desobediência

A parábola nos revela que, enquanto dois labutaram confiadamente, um servo foi negligente e desobediente ao seu Senhor. Agiu de forma contrária dizendo: "Eu sei que o senhor é um homem duro, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Fiquei com medo e por isso escondi o seu dinheiro na terra. Veja! Aqui está o seu dinheiro" (versículos 24 e 25 Versão na Linguagem de Hoje). Ele não quis arriscar-se e fazer o dom circular. Preferiu a neutralidade, isentando-se da responsabilidade.

Muitos, agem de forma idêntica, "enterram os seus talentos". São cristãos que têm medo de Deus, por não conhecerem o seu amor e não possuírem intimidade com Ele.

III - HAVERÁ CRITÉRIOS NA RETRIBUIÇÃO DO SENHOR

O reino dos céus tem se expandido na terra, graças à ação do Espírito Santo na Igreja. Os servos fiéis não têm poupado esforços no sentido de aplicar seus talentos para a maior glória do Rei dos reis. Em contrapartida, os servos inúteis têm persistido na negligência e na ociosidade. Quando o Senhor voltar, chamará a todos para restarem contas (2Co 5.10). Vejamos então que acontecerá:

1. Ao servo fiel, reconhecimento e recompensa (Mt 25.21)

Todo empregado gosta de ser reconhecido na tarefa que executa. De igual modo, quando estivermos ali, perante o Senhor, nós que desenvolvemos o nosso talento, ouviremos dele: "muito bem, servo bom e fiel". Isso compensará todo o sofrimento, cansaço e lágrimas vertidas, pois o Senhor será o nosso alento e enxugará dos nossos olhos toda lágrima (Ap 21.3,4). Na avaliação do Senhor o que mais pesou foi o fato do servo mostrar fidelidade sobre o pouco. Muitos argumentam que não pregam porque não são grandes pregadores, ou não ensinam porque não são teólogos. Mas quem é infiel no pouco, é infiel no muito; por isso Deus não pode confiar aos tais muitos bens. Os servos que multiplicaram seus talentos receberam bênçãos dobradas. Se formos fiéis, Ele próprio nos receberá orgulhoso do nosso desempenho, nos fará entrar no regozijo reservado para os vencedores (Rm 8.37; Ap 21.7).

2. Vexame, rebaixamento e desprezo (vv 26-28)

O servo mau é aquele que age com negligência, preferindo deixar para outro aquilo que ele mesmo poderia fazer. Trata-se de uma preguiça espiritual, que é como um câncer destruidor, que impede o servo de produzir (Pv 13.4).

O fato de ter recebido apenas um talento em nada prejudicou o servo negligente na hora do acerto final, pois o que multiplicou os dois talentos teve o mesmo tratamento daquele que multiplicou cinco (vv. 21, 23). A inutilidade do servo está na falta de "produtividade" no Reino de Deus, e por isso, ele foi lançado fora da presença do Senhor. Notemos a sequência dos fatos: O acerto começou com o que possuía cinco talentos até chegar ao que só tinha um. Isso indica que o servo mau presenciou seus conservos sendo recompensados, antes de ser ele mesmo lançado nas trevas exteriores. Não pode existir desprezo pior! É como o rico que, atormentado, teve condições de ver Lázaro no seio de Abraão (Lc 16.23).

Ao concluirmos esse estudo vamos lembrar do refrão do hino 16 da harpa cristão que diz: "Posso tendo as mãos vazias, com Jesus, eu me encontrar? Quantas almas poderia ao Senhor apresentar?". O trabalho que fizermos para o Reino pode levar alguém a ter um encontro com Cristo. Você está desenvolvendo o seu talento? Se o enterrou ainda há tempo de desenterrá-lo, para que possa ser negociado em favor do reino dos céus. Lembrem-se, o Senhor virá em breve e o requererá das suas mãos.