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14 setembro 2013

- Onisciência e Onipresença de Deus



Os olhos do Senhor estão em todo lugar
Salmo 139.1-12

Conhecer a onisciência e a onipresença de Deus vai além de uma declaração verbal. Esse conhecimento exige intimidade e comunhão com Ele, levando-nos a um comportamento diferente daquele que praticávamos outrora.
O Salmo 139 traz uma mensagem de um autor que não apenas aceita que Deus está em todos os lugares e sabe de todas as coisas, mas que O adora por reconhecer as implicações geradas por esses atributos. O salmista confessa não apenas ter sido ensinado dessa forma, mas ter descoberto, em meio à sua intimidade com Deus, que Ele é de fato, onisciente e onipresente.
Como entender esse relacionamento que o salmista tinha do Deus onisciente e onipresente? Vejamos:

I.       Somos cientes da impossibilidade de fuga

Entendemos que Deus sabe tudo e está em todos os lugares, por isso não devemos perder tempo agindo de forma contrária à sua vontade, pois temos a firme consciência de que é impossível fugir de Sua presença.

1.       É impossível fugir de Deus

                               “Tu me cercastes em volta e puseste sobre mim a tua mão” (v. 5). 

                               Deus jamais desampara os seus. Ele está em todos os lugares não apenas testemunhando nossos desertos, mas nos auxiliando em sua travessia. “Como estão os montes à roda de Jerusalém, assim o Senhor está em volta do seu povo, desde agora e para sempre” (Sl 125.2). Reconhecer a onipresença e onisciência de Deus é acreditar que estamos acompanhados a todo instante. Não importa se estamos passando pelas amargas águas de Mara (Ex 15.23) ou adentrando a terra prometida, Ele nos cerca por trás e por diante com um cuidado do qual não podemos escapar, mesmo que, por motivos diversos.

2.       É impossível fugir da justiça de Deus

       “Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também” (v. 8).
      
       Aquele que reconhece a onipresença e a onisciência divina sabe que não pode fugir de Sua justiça. Por vezes, vemos o caminho do ímpio prosperar e até questionamos se Deus está ciente de suas ações pecaminosas. Contudo, quanto mais intimidade com nosso Senhor, mais certos ficamos de que Sua justiça finalmente prevalecerá (1Rs 22.30-40). Saul e Davi retratam bem esta questão. Enquanto que o primeiro tentou até as últimas consequências justificar seus erros e burlar a justiça de Deus, o segundo se convenceu de que não havia como escapar dela. Suas histórias deixam clara a diferença da ação da justiça de Deus naquele que reconhece a soberania divina (Sl 94.12-13) e naquele que age como se pudesse ludibriar o próprio Deus (1Sm 15.22-23). A Sua justiça chega para todos, mas só aprende com ela quem quer.

3.       É impossível fugir da presença de Deus

       “Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?” (v. 7).

       Várias são as razões que levaram (e ainda levam) ímpios e servos de Deus a tentar fugir da Sua presença: vergonha pelo pecado, medo, desobediência à voz de Deus, etc.

       O livro de Jonas é em si o relato de um servo que, por motivos “racionalmente legítimos”, não quis obedecer à ordem de Deus e escolheu, sem sucesso, tentar fugir do Senhor (Jn 1.3). Afinal, entender que os bárbaros ninivitas, por décadas torturaram vários povos, também sejam dignos do perdão divino; não é nada fácil! O profeta, contudo, descobriu que nem no ventre de um peixe, nas profundezas do mar, estaria fora do alcance do criador e a Ele clamou dizendo: “Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz” (Jn 2.2).

II.     Somos cientes que Deus conhece tudo

                        “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar”. (Hb 4.13).

                        Aquele que conhece o Deus onisciente e onipresente sabe que Ele conhece bem todos os segredos, se não vejamos:

1.       Ele sabe o que fazemos e porque fazemos

                               “Senhor, tu me sondas e me conheces” (v. 1-3).

                          Com essas palavras, o salmista reconhece o supremo conhecimen- to divino sobre a sua vida. A sonda é uma espécie de instrumento utilizado para medir a profundidade de rios, ou locais que não podem ser fisicamente alcançados. Ao reconhecer que Deus nos sonda, estamos reconhecendo que Ele nos conhece em profundidade, e sabe exatamente quem somos, por onde andamos o que fazemos e porque fazemos. Podemos enganar nossos irmãos ou até a nós mesmos, mas não podemos enganar Deus. Se O temos em nossos lábios, mas não em nossos corações Ele o sabe (Jr 12.2, 3). Nossa aparência e nossas obras não são capazes de camuflar nosso coração perante o Senhor. No momento de escolher um substituto para Saul, até o sábio profeta Samuel se deixou levar pela aparência. Todavia, aquele que conhece os corações o impediu de ungir a Eliabe como rei de Israel (1Sm 16.6-7).

2.       Ele conhece nossas atitudes futuras

                              “Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces” (v.4).

                              Deus não apenas sabe o que somos e o que fizemos, mas o que nos tornaremos e o que faremos. Quando Pedro disse que morreria por Cristo se fosse preciso, realmente tinha intenção de fazê-lo; o que ele não tinha era conhecimento suficiente para saber que não seria capaz de cumprir com o desejo de seu coração. Devemos cuidar para não fazermos votos movidos pela emoção. Deus, que nos conhece, não coloca sobre nós fardos que não possamos suportar, pois Ele sabe dos nossos limites. Em contrapartida, nós não temos mais do que um vislumbre de nossa presente intenção. Jesus conhecia o amor de Pedro, bem como sabia que ele seria martirizado por causa do Evangelho. Contudo, as palavras de negação que esse apóstolo proferiria horas mais tarde já ecoavam nos ouvidos do Senhor (Jo 3.38). Ele sabe tudo o que vamos fazer, antes mesmo de o fazermos.
3.       Deus está acima da nossa compreensão

                               “Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir” (v. 6).

                           Quanto mais conhecermos ao Deus onisciente e onipresente, menos O questionaremos, por uma razão muito simples: sabemos que Seu conhecimento é muito maior do que podemos suportar. Se compreender o “raciocínio de Deus” fosse requisito para cumprir Suas ordenanças, Gideão não teria saído para lutar com uma parcela mínima de seus homens disponíveis, armados com tochas e jarros (Jz 7.7); Josué não teria conquistado Jericó (Js 6.1-21); Davi não teria matado Golias (1Sm 17.49); Filipe não teria sido “teletransportado” (At 8.39-40); e Pedro não teria andado sobre as águas (Mt 14.29). Não importa se a estratégia parece insana, se o plano vem de Deus, Ele sabe exatamente o que está fazendo e não devemos perder tempo tentando compreender, basta dar o primeiro passo que Ele faz o chão aparecer embaixo de nossos pés. “Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos...” (Is 55.9).

                   Concluímos mais um estudo onde conhecer o Deus onipresente e onisciente é muito importante, pois o reconhecimento da grandeza divina inevitavelmente gera mudança de atitude, e nos transforma. Quando compreendemos que é impossível sair da presença de Deus e que Ele conhece plenamente a tudo e a todos, tornamos-nos adoradores mais autênticos, servos mais confiantes e dependentes. Não há como refletir sobre o caráter de Deus e não adorá-lo na beleza da sua santidade, ou não confiar plenamente em Sua suprema ciência e presença. Quando conhecemos plenamente o nosso Deus, temos ousadia para sairmos de nossa zona de conforto sempre que Ele nos confiar um de seus maravilhosos planos, embora muitas vezes sejam eles incompreensíveis. Não na como conhecer o Deus onipresente e onisciente e permanecer o mesmo.

Reflita:

“Deus está sobre todas as cousas, sob todas as cousas, fora de todas as cousas, dentro, mas não enclausurado; fora mas não excluído; acima, mas não levantado; embaixo, mas não deprimido; inteiramente acima, presidindo; totalmente embaixo, sustentando; totalmente por dentro, preenchendo”. (Hildeberk de Lavardin)
 Paz do Senhor

04 setembro 2013

- Conhecendo a bondade de Deus (Salmo 145.1-21)



A sua bondade é eterna
           
Esse salmo expressa louvor à divina providência de Deus, executada por causa da grandeza da Sua bondade em favor da sua criação. Ele está em perfeita sintonia com muitos outros salmos que nos convidam a exaltar ao Senhor por este atributo inefável: “Louvai ao Senhor, porque ele é bom...” (Sl 136.1ª). O louvor e a adoração que o salmista devota é decorrente do cuidado amoroso do Senhor (v. 9 do texto Sl 145), e ele se dispõe e propagá-lo abertamente: “Falarei da magnificência da tua majestade e das tuas obras maravilhosas” (v. 5 – Sl 145).
            Vejamos a seguir o que Deus pode ensinar por meio de Sua bondade.
     I.    A sua bondade pode ser demonstrada
            Toda a criação proclama os feitos estarrecedores do Senhor, anunciando a sua bondade. Como os filhos de Coré, podemos proclamar: “No teu Templo, ó Deus, ficamos pensando no teu amor” (Sl 48.9 – BLH – Bíblia Linguagem de Hoje).
1.    Nas Suas grandes obras:
“Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus santos te bendirão” (v. 10 – Sl 145). A natureza aponta para a existência de Deus, pois ela é a obra de suas mãos (Sl 19.1). Sua inteligente e vasta criação, com tudo o que é necessário e sustentável para vivermos e dela gozarmos abundantemente, nos leva a admirá-lo e reconhecer que tudo o que Ele criou é bom (1Tm 4.4). Por esta razão, percebemos a sua bondade em nos agraciar com toda boa dádiva.
2.    Nos testemunhos dos seus servos:
“Publicarão abundantemente a memória da tua grande bondade e cantarão a tua justiça” (v.7). Uma das formas de fazer a bondade de Deus conhecida é por meio da publicação ou divulgação pela boca de seus servos (Is 63.7).
Somos testemunhas dos benefícios do Senhor (Sl 27.13). À vista disso, convocamos a todos a proclamar o bem que tem feito a nossa alma (Sl 103.1,2), falando das suas gloriosas e majestosas obras (v. 5). Como já provamos dos bens do Senhor, devemos levar outros a provar o quanto Ele é bom (Sl 34.8).
3.    Na eternidade:
“O teu reino é um reino eterno; o teu domínio estende-se a todas as gerações” (v.13). O reino e o domínio de Deus são de glória transcendente e estende-se a todas as gerações. As virtudes do seu reino eterno são de justiça, paz e alegria (Rm 14.17), cuja bondade e amor são melhores do que esta curta existência na terra (Sl 63.3). O que o Senhor preparou para aqueles que o amam, nunca foi visto, ouvido ou sentido no coração (1Co 2.9), isso prova que Deus é bom e a sua misericórdia dura para sempre (Sl 136.1).
II.   A bondade é inerente a sua pessoa:
 
Quando pensamos em Deus, o que vem à nossa mente é a imagem de um Ser perfeitamente bom, cuja natureza é santa, justa, pura, sem parcialidade e plena de misericórdia (Tg 3.17). O atributo da bondade é claramente manifesto na pessoa de Deus, como veremos a seguir:
1.    Pode ser vista na Sua equidade:
“Justo é o Senhor em todos os seus caminhos e santo em todas as sua obras” (v.17). A bondade de Deus é dispensada aos seus filhos (VV. 9, 15), sem, no entanto, ferir ou contrariar a sua justiça, retidão e verdade (Is 45.24). A sua imparcialidade não permite que suas leis sejam violadas e que atos de desobediência fiquem sem a justa recompensa (v. 20). No entanto, por ser bom, faz com que o justo e o injusto desfrutem dos seus benefícios igualmente (Mt 5.45). Ele é bom para todos e quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1Tm 2.4).
2.    Pode ser comprovada no Seu caráter:
“Bondoso e compassivo é o Senhor, tardio em irar-se, e de grande benignidade.” (v. 8). Deus é bom em Si mesmo (Mt 19.17), e, segundo sua palavra. Ele é a própria caridade (1Jo 4.7, 16). Trata-se de uma fonte que jamais se seca e inclui a piedade, a paciência e a misericórdia. O Senhor não muda e, assim como revelou a sua bondade a Moisés, continua fazendo conosco: “... Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti e a pregoarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me compadecer” (Ex 33.19).
Hoje podemos experimentar a bondade de Deus em Jesus Cristo, que se entregou por nós, numa suprema demonstração de amor. A bondade de Deus é incontestável, principalmente quando se percebe que Ele dispensou a Sua graça salvadora a pecadores que não a mereciam.
     III. A sua bondade é a nossa providência:
Deus, como supremo criador, é abundantemente generoso em dádivas providenciais (Tg 1.17). A infalibilidade da bondade divina é a resposta óbvia de um cuidado constante para com os Seus, mas que não nos isenta de exercer dependência a Ele e de trilhar caminhos de provações e tentações, como veremos a seguir:
1.    O seu cuidado é constante:
“Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes dás o seu mantimento há seu tempo. Abres a mão e satisfazes dos desejos de todos os viventes” (vv 15, 16). O senhor tem cuidado de nós (1Pe 5.7). Mesmo quando pensamos que os nossos fardos são mais pesados do que possamos suportar e duvidamos se poderemos prosseguir, Ele vem e sustenta-nos no nosso abatimento: “O Senhor sustenta a todos os que caem e levanta a todos os abatidos” (v. 14). Deus conhece as nossas necessidades, mesmo antes de lhe dirigirmos os nossos pedidos (Mt 6.8). Sendo Ele quem sustenta as aves do céu e quem provê as vestes dos lírios, por acaso não cuidaria dos Seus filhos, tendo eles um incomparável valor? (Mt 6.26-32).
2.    A sua bondade se manifesta aos que o buscam:
“Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor e os salvará” (v. 19). Que bem maior podemos ter senão o próprio Senhor? Ele oferece a Sua íntima e duradoura comunhão aos que o honram e o tem na mais alta consideração (Lm 3.24, 25). A provisão de sua presença é reservada aos que O invocam em verdade: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (v. 18), porque são estes que terão seus desejos atendidos (v. 19). Ainda que nossa alma esteja “abatida até o pó”, se a Ele invocarmos, levantar-se-á e “nos resgatará por amor das suas misericórdias” (Sl 44.25, 26).
Louvemos “ao Senhor pela sua bondade e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens” (Sl 107.8). Só Ele trabalha para os que Nele esperam (Is 64.4).
Vimos o quanto Deus é bom e zeloso em seus atos de bondade para conosco. A grandeza deste fato pode ser revelada pela imensidão de suas obras maravilhosas que, consequentemente, revelam os atributos do seu Ser e avançam para a esfera pessoal onde podemos experimentar o relacionamento com um Deus que se importa com os Seus: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Sl 64.4).