Consolado
para consolar
“Que nos consola em toda a nossa
tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma
tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus” (2
Coríntios 1.4)
Esse estudo vai nos mostrar que os sofrimentos por causa de Cristo são compensados com o conforto vindo de Deus, que é a fonte de toda consolação.
A segunda
carta aos coríntios capítulo 1.1-24 tem como objetivo principal o de consolar e
encorajar os seus destinatários. Foi escrita pelo apóstolo Paulo após receber a
informação de que os coríntios haviam se arrependido (2Co 7.9) mediante
exortações feitas na primeira epístola (2Co 7.8).
O propósito de algumas figuras
representativas da Igreja na Bíblia foi o de mostrar a necessidade da unidade e
o cuidado mútuo entre os cristãos. Por exemplo, a Igreja como corpo de Cristo
mostra a interdependência dos membros que a compõem (1Co 12.26, 27). Portanto,
a consolação deve ser também, uma prática constante na igreja. Vejamos:
I – Aplicando adequadamente a consolação
(vv. 3-11)
Deus é a fonte de toda
consolação e também “o Pai das misericórdias”; um manancial que permeia a
Igreja dos santos, dando subsídio para que possamos consolar uns aos outros na
mesma proporção em que somos consolados. Ele é o “Emanuel” – Deus conosco. Sua
presença e promessas são o nosso sustento e consolo em momentos de aflição: “porque
Ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13.5).
O mais comum é que o
Senhor nos ajude a solucionar os nossos problemas e a vencer as tentações por
meio da coragem, do bom senso, dos conselhos e orações dos nossos irmãos; mas,
algumas vezes, tudo isso parece falhar e então precisamos confiar exclusivamente
em Deus.
O Salmo 42.11
apresenta-nos uma bela ilustração da esperança reconfortante em Deus:
“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas
dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei. Ele é a salvação da minha
face e o meu Deus”.
No versículo cinco o texto
deixa claro que os motivos para a consolação são “as aflições de Cristo”. As
perseguições por causa de Cristo constituem sofrimento para todos que a Ele
devotam suas vidas. Todo cristão verdadeiro deve estar preparado para os
sofrimentos que possivelmente advirão e para o consolo que dele resulta.
Embora não devamos forçar
para que o sofrimento venha a nós, o texto sugere que Deus nos dá da Sua graça
na mesma proporção dos sofrimentos que suportarmos por causa de Cristo. Sofrer
muito por Cristo significa receber abundante conforto da parte Dele. Aliás,
esta é a equação divina mostrada em muitas situações: Para salvar a humanidade,
dispensou superabundante graça onde abundou o pecado (Rm 5.20); ao contribuinte
generoso, “que semeia em abundância, em abundância também ceifará” (2Co 9.6);
aos que sofrem por amor a Cristo: “Porque, como as aflições de Cristo são
abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo”
(2Co 1.5).
O alvo da consolação são
os próprios cristãos (vv. 6-10). Deus consola o crente para que este console o
seu próximo, numa corrente sucessiva. A palavra consolação – “paraklesis” –
implica em fortalecer e apoiar os outros com palavras racionais e confortantes,
estando ao lado deles nos momentos de provação (Rm 12.15; Hb 13.3). Trabalho
semelhante desempenha o Espírito Santo, que é chamado de “Consolador” – “parakletos”
(Jo 14.16).
O ministério da consolação
é maravilhoso, pois fortalece e anima àqueles que estão sofrendo. É necessário
que os crentes busquem este exercício cristão. No entanto, isto só é possível
quando brota da experiência pessoal de sofrimento e da recepção do consolo de
Deus.
Há certos benefícios na
Bíblia que só podem ser experimentados à medida que os comunicamos ao próximo:
O amor (Jo 15.12); o perdão (Ef 4.32) e o consolo (2Co 1.4).
Podemos ver um belo
exemplo de conforto na atitude de Paulo ao animar, durante uma viagem
tempestuosa, os passageiros e os marinheiros do navio, repassando a eles o
mesmo consolo que recebera do anjo de Deus (At 27.21-26).
O versículo 11 aponta o
sofrimento do apóstolo Paulo por causa de Cristo, como podemos ver em segundo
Coríntios 7.5; 11.24-28, no entanto, Deus o consolou (2Co 7.6, 7). Ainda assim,
ele roga aos irmãos que lhe ajudem com orações intercessoras, a fim de que seja
bem sucedido no ministério. Os benefícios da intercessão são muitos:
1) É um verdadeiro auxílio
para quem está sendo objeto da intercessão;
2) Produz ação de graças
por parte de quem vê suas orações respondidas; e
3) Concede benefícios para
todos os que oram.
Na escola de Deus,
aprendemos, por meio das aflições, a consolar outros com o mesmo consolo que
recebemos de Deus.
II – Conservando adequadamente a consolação (VV. 12-24)
Para
consolar uns aos outros não se deve restringir a belas palavras poéticas,
precisa sim, de atitudes.
Ter
atitudes deve ser o comportamento adequado de cada membro, e, deve começar pelas
lideranças que é muito salutar. Só desta forma o consolo pode ser conservado.
Partindo
desse ponto, algumas atitudes podem ser observadas:
1.
O comportamento das lideranças (vv. 12-19)
O
alto conceito alcançado pelo apóstolo Paulo diante da igreja de corinto
deveu-se ao seu estilo de liderança pautado em Deus. Ele disse: “Porque a nossa glória é esta: o testemunho
da nossa consciência, de que, com simplicidade e sinceridade de Deus...”
(v. 12).
A
simplicidade de Deus é a singeleza ou naturalidade do modo como vivemos e como
transmitimos aquilo que recebemos de Deus, sem acréscimos, subtrações,
distorções e misturas.
A
sinceridade pode ser ilustrada por meio do processo de sacudir cereais numa
peneira para separá-los de toda sujeira. Paulo não receava o exame perscrutador
da igreja e nem de Deus (Sl 139). E é desta forma que o s líderes devem
compartilhar o seu ministério com a Igreja. A transparência é de suma
importância para que se conquiste a confiança dos liderados. As informações truncadas, omitindo a verdade
são um péssimo recurso usado por um líder, que certamente o levará a perder o
bom conceito, suscitando no seio da igreja desconfiança e murmurações.
A
simplicidade e a sinceridade, pelos seus benefícios e por afugentar maus
pensamentos, podem ser vistas, também, como um consolo para os filhos de Deus.
2.
A fé nas promessas de Deus (v. 20)
Todas
as promessas do AT, concernentes a Cristo, tiveram seu cumprimento cabal, por
isso tiveram nEle o sim, ou seja, o Amém, que significa “de fato” (Ap 1.7).
Portanto, em Cristo está o sim de todas as promessas de Deus: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo” (Ef 1.3).
Deus
nos tem dado grandiosíssimas promessas (2Pe 1.4), portanto, a firme confiança
do cristão naquele que é fiel para cumpri-las, gera muito consolo (Hb 10.23).
3.
A atuação de Deus (vv 21, 22).
Deus
nos ungiu e nos selou dando-nos, também, o penhor do Espírito Santo. O selo é a
marca que nos identifica como Sua propriedade exclusiva. O penhor é a garantia
do pagamento total de bens ou serviços. No caso específico aqui, o Espírito
Santo é o sinal que Deus enviou aos nossos corações para garantir a herança
espiritual pela que nos aguarda no provir.
Hoje,
o consolo do cristão que se empenha em fazer a vontade de Deus, é a sua herança
que está guardada nos céus e a garantia desta verdade é a presença marcante e constante
do Espírito Santo em nós, testificando que somos filhos de Deus (Rm 8.16). Este
ensino é confirmado em Efésios 1.13, 14: “em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito
Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da
possessão de Deus, para louvor da sua glória”.
4.
A cooperação de todos (vv. 23, 24)
Paulo
estava disposto a poupar os crentes coríntios quanto ao rigor da disciplina
demonstrada na primeira epístola, apesar deles ainda demonstrarem atitudes
altivas e orgulhosas. Ele quis ser um ministro conselheiro fomentando a
santificação e a alegria espiritual, sem assenhorear-se da fé dos irmãos. Ele
queria ser um cooperador com eles para o gozo deles.
Encontramos
uma boa ilustração na primeira Epístola aos Coríntios, onde os ministros são
aqueles que semeiam e zelam pela “lavoura” de Deus que é a Igreja. Os santos
são o resultado da semeadura, sendo a própria lavoura (1Co 3.9). Ambos
receberão galardão de Deus pela sua cooperação mútua.
Concluímos
que os sofrimentos de Cristo trazem benefícios para a igreja, pois além de ser
uma demonstração clara de que estamos vivendo sinceramente o evangelho e,
consequentemente, sofrendo perseguições, “em tudo fomos atribulados: por fora
combates, temores por dentro” (2Co 7.5), somos também beneficiados com o
consolo vindo de Deus “Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós,
assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo” (2Co 1.5). E assim
podemos, também, consolar uns aos outros. Glória, pois ao Deus de toda
consolação!
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