Modalidade de vida na Nova Aliança em Cristo
Vivemos em um contexto onde muitos
cristãos, sem atentarem para a liberdade que alcancemos em Cristo, sofrem por
não conhecerem as Escrituras. Não Sabem ao certo o significado do evangelho,
nem como adequar-se a ele. Por desconhecerem o período da lei ou da graça em
que se situam, perdem-se nesse conflito, os limites próprios da vida em Cristo.
Estudaremos 2 Coríntios 3.1-18 e
vejamos exatamente, onde estamos situados para vivermos uma vida de plenitude,
gozando assim, da liberdade em Cristo.
“A palavra Torah, traduzida por lei, significa propriamente uma direção, que
era primitivamente ritual. Usa-se o termo, nas Escrituras, em diversas
acepções, segundo o fim e conexão da passagem em que ele ocorre. Por exemplo,
algumas vezes designa a revelada vontade de Deus (Sl 1.2; 19.7; 119; Is 8.20;
42.12; Jr 31.33), e por isso frequentes vezes se considera a lei de Moisés como
sendo a religião dos judeus (Mt 5.17; Hb 9.19; 10.28). Outras vezes, num
sentido mais restrito, significa as observâncias rituais ou cerimoniais da
religião judaica (Ef 2.15; Hb 10.1). É neste ponto de vista que o apóstolo
Paulo afirma que ‘ninguém será
justificado diante dele por obras da lei’ (Rm 3.20). A ‘lei gravada nos seus
corações’, que Paulo menciona em Rm 2.15, é o juízo do que é mau e do que é
justo, e que na consciência de cada homem Deus implantou.”.[1]
Faz-se necessário, na vida cristã, o
conhecimento, não só da Lei, mas também de todo o Antigo Pacto, que é, na
verdade, “sombra dos bens futuros”
(Hb 10.1). No entanto, este conhecimento exige alguns cuidados:
1.
Evitando a escravidão da lei
Em 2Co 3.3, diz o seguinte “porque já é manifesto que vós sois a carta
de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do
Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração”.
A lei nos permite ter consciência de
pecado e mostra o quanto somos escravos dele. Todavia, mesmo com a observação
sistemática da lei, com todos os seus sacrifícios, os pecados eram apenas
encobertos, mas nunca purificados. Isso fez com que o escravo do pecado se
tornasse também um dependente da lei. Assim, fez-se necessário um sacrifício
perfeito e superior, não de animal, mas de um homem escolhido por Deus, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29). Com a vinda de Jesus, já não somos mais escravos do
pecado e já não temos dívidas para com a lei.
2.
Evitando ficar cego por causa da lei
Em 2 Co 3.6, diz: “o qual nos fez também capazes de ser
ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra
mata, e o Espírito vivifica”.
A lei pode cegar os que tentam se
justificar por meio dela, por isso devemos ter cuidado. A Bíblia mostra o
exemplo dos fariseus, que conheciam a lei com profundidade, porém não puderam
contemplar o Salvador da humanidade – o Messias. A lei testificava sobre aquele
Jesus que passava bem diante dos seus olhos, mas eles, tomados de cegueira, não
puderam reconhecê-lo. Os fariseus se preocupavam tanto com os rituais que se
esqueceram do mais importante – do homem que estava bem ali diante deles,
Jesus, que cumpriu a Lei e em quem ela se cumpriu.
3.
Jesus e a lei de Moisés
Em “Mt 5.17, Jesus declarou que ele
havia vindo para cumprir a lei, não para destruí-la. Mas enfatizou sua
qualidade ética ao resumi-la no que chamou de dois grandes mandamentos: ‘Amarás, pois, o Senhor, teu Deus’ (Dt
6.5) e ‘Amarás o teu próximo como a ti
mesmo’ (Lv 19.18). ‘Destes dois
mandamentos’, disse Jesus, ‘dependem
toda a Lei e os Profetas’ (Mt 22.40).”. (Dicionário Ilustrado da
Bíblia – Editor Geral: Ronald F. Youngblood e Co-Editores: F. F. Bruce e R. K.
Harrison (Vida Nova).).
“o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento,...” (2 Co 3.6a).
O véu na antiga Aliança é o que
tipifica a separação entre o homem e Deus, sendo que naquela época somente ao
sumo sacerdote era permitido entrar no “Santo
dos Santos” (Hb 9.37). Contudo, a Bíblia diz que “o véu se rasgou” (Mc 15.38), possibilitando-nos livre acesso à
presença de Deus. Temos um Advogado junto ao Pai, e, portanto não devemos
insistir em manter uma separação onde ela não mais existe (2 Co 3.15).
II.
Desprendendo-se da lei e rendendo-se
a Cristo
Muitos, ainda hoje, vivem debaixo de
jugo pesado, não reconhecendo o jugo suave e o fardo leve de Jesus (Mt 11.29,
30). Isso, por não terem se desprendido da Lei, rendendo-se a Cristo.
1.
Jesus, o Filho de Deus
“Filho humano-divino de Deus, nascido
da virgem Maria; o grande Sumo Sacerdote que intercede à direita de Deus pelo
seu povo; fundador da igreja cristã e figura central da raça humana.
Para entender a pessoa de Jesus e o
seu ministério, estudiosos do Novo Testamento devem estudar:
a. sua vida;
b. seus ensinos;
c. sua pessoa; e,
d. sua obra.
A presença de Jesus com Deus como
representante de seu povo confere a segurança de que suas solicitações de ajuda
espiritual são ouvidas e concedidas. Saber que Cristo está lá é um incentivo
poderoso aos seus seguidores. Nenhum bem que Jesus busque para eles é negado
pelo Pai.”.[2]
No versículo 17, capítulo 3 de
Segundo Coríntios, diz assim: “Ora, o
Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”.
Quando reconhecemos que Jesus é, de
fato, o Filho de Deus, o Salvador do mundo e nos rendemos a Ele, a primeira
coisa que nos acontece é o recebimento do Seu Espírito, e “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. Assim sendo,
estamos livres da condenação imposta pela lei, da escravidão do pecado (vv.
7-9) e do domínio de Satanás (At 26.18). Isso não significa que estamos livres
para pecar, mas de cometer pecado, para servir a Deus de todo o coração.
2.
Transformado à semelhança de Cristo
Uma vez que nos rendemos a Cristo e
recebemos o seu Espírito, o próximo passo é a transformação do nosso ser.
Deixamos de andar na carne e passamos a andar no espírito. O Espírito do
Senhor, atuando em nós dia após dia, molda-nos a mudar de vida, até adquirirmos
o caráter de Cristo, onde, a partir daí, passaremos a praticar por amor os
mandamentos daquele que nos amou primeiro.
Transformar significa “Mudar
radicalmente em caráter, condição ou natureza interior. Em Romanos 12.2, diz: ‘Não vivam como vivem as pessoas deste
mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança das
suas mentes. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, que é boa, perfeita e
agradável a ele.’[3].
O apóstolo Paulo exortou os cristãos a não se conformarem com este século, mas
se transformarem pela renovação da mente. Os seguidores de Cristo não devem
agir de acordo, internamente ou na aparência, com os valores, ideais e
comportamento de um mundo caído. Devem continuamente renovar a mente através da
oração e do estudo da palavra de Deus, pelo poder do Espírito Santo, e assim
ser transformado à semelhança de Cristo (2Co 3.18). Quando Cristo voltar, ele
‘transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua
glória’ (Fl 3.21).”[4]
3.
“Refletindo como um espelho a glória do Senhor” (2Co 3.18)
Após nos rendermos a Cristo,
recebendo o Seu Espírito e sendo transformado à sua semelhança, jamais seremos
os mesmos. Consequentemente, passamos a ser perceptíveis; se assim não
acontecer, algo está errado, pois somos a “carta
de Cristo”, “... escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em
tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (v. 3). Uma carta
geralmente revela o seu autor. A luz que o Senhor acendeu em nós tem o propósito
de alumiar, para que outros sejam iluminados e sejam livres da escravidão em
que se encontram.
“Glória significa beleza, poder ou
honra; qualidade do caráter de Deus que enfatiza sua grandeza e autoridade. A
palavra é usada com três sentidos na Bíblia:
a. Beleza moral de Deus e sua perfeição
de caráter. Tal qualidade divina está além da compreensão humana (Sl 113.4).
Todas as pessoas ‘carecem da glória de Deus’ (Rm 3.23).
b. Beleza moral de Deus e perfeição como
presença visível. Embora a glória de Deus não seja uma substância, algumas
vezes Deus revela sua perfeição aos homens de um modo visível. Tal aparição de
sua presença é frequentemente vista como fogo ou luz de grande fulgor, ou,
ainda, como um ato de poder. Alguns exemplos do Antigo Testamento são a coluna
de nuvem e de fogo (Êx 13.21). O livramento de Deus aos israelitas no mar
Vermelho (Êx 14) e especialmente sua glória no tabernáculo (Lv 9.23, 24) e no
templo (1Rs 8.11).
c. Louvor. Por vezes, a glória de Deus
pode significar a honra e o louvor audíveis que suas criaturas lhe oferecem (Sl
115.1; Ap 5.12, 13).
III.
EXPERIMENTANDO VIVER NO EVANGELHO DE CRISTO
Viver o evangelho é experimentá-lo intensamente,
de acordo com o Espírito do Deus vivo: “o
qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra,
mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica” (versículo 6,
2Co 3).
1.
Reconhecer nossas fraquezas
No versículo cinco,
de segundo coríntio três, reconhecer nossas fraquezas é o primeiro passo a ser
dado, para vivermos o evangelho na liberdade que Cristo nos deu. Devemos
reconhecer que somos humanos, fracos, e que sem Deus nada podemos fazer (Jo
15.5). Em nós mesmos, somos incapazes, mas a nossa capacidade vem de Deus (v.
5). Reconhecer as próprias fraquezas é uma atitude louvável aos olhos de Deus,
pois Ele declara, em sua palavra, que “resiste
aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (1Pe 5.5).
2.
Confiando em Deus
A Bíblia diz que “é melhor confiar em Deus do que confiar no
homem” (Sl 118.8). Essa é uma verdade incontestável, pois confiar em Deus é
o segundo passo na caminhada proposta no Novo Concerto. Viver a liberdade
requer confiança. O apóstolo Paulo mostrou a fonte de sua confiança: “E é por Cristo que temos tal confiança em
Deus” (v. 2). O covarde é escravo do próprio medo. Estevão foi um exemplo
de coragem. “...cheio de fé e poder, fazia
prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Nem mesmo diante da
morte, ele retrocedeu (At 7.50-60).
3.
É ser ousado
O cristão deve ser
ousado (v. 12), pois é livre. Não somente porque leu isso nas Escrituras, mas
porque essa é uma experiência diária em sua vida. Ele vive o evangelho como fez
o apóstolo Paulo, que, muitas vezes, esteve preso, mas nunca deixou de anunciar
o evangelho de Cristo. Ele sabia que mesmo o seu corpo estando preso, o
evangelho não estava. Por isso, mesmo na prisão juntamente com Silas, louvavam
a Deus. Irmãos, ninguém pode prender o evangelho a não ser o próprio cristão se
deixá-lo de vivê-lo e pregá-lo.
Graças a Deus somos
isentos de tradições, rituais, sem véu, sem nada, pois nada pode nos separar do
amor de Cristo (Rm 8.38, 39). “Conheçamos
e prossigamos em conhecê-lo”, pois somente por Ele e com Ele seremos
totalmente livres. Devemos nos desprender de nós mesmos por meio da renúncia,
para viver a liberdade que Cristo nos proporcionou.
Nota:
A liberdade em Cristo inclui:
§ A libertação da escravidão da Lei com suas ordenanças, e regulamentos;
§ Plena satisfação com uma provisão rica e sustentadora;
§ Desfrute do verdadeiro descanso, sem estar sob o pesado encargo de
guardar a Lei; e,
§ Pleno desfrute do Cristo Vivo.[5]
[1]
Dicionário Bíblico Universal – Buckland (Vida)
[2]
Dicionário Ilustrado da Bíblia – Editor Geral: Ronald F. Youngblood e Co-Editores:
F. F. Bruce e R. K. Harrison (Vida Nova).
[3] A
Bíblia Sagrada – Tradução na Linguagem de Hoje (Sociedade Bíblica do Brasil –
SP)
[4]
Dicionário Ilustrado da Bíblia – Editor Geral: Ronald F. Youngblood e
Co-Editores: F. F. Bruce e R. K. Harrison (Vida Nova).
[5]
Novo Testamento Versão Restauração.
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